Dica musical: "Dark Glow" do Choir Vandals (2017)
Se você gostou de ser levado para uma viagem nostálgica pelo indie dos anos 2000 com “Sick Scenes”, lançado no início do ano, então este é o álbum para você ouvir nesse meio de ano, mas “Dark Glow” não irá te levar aos anos 2000, mas a um período anterior, o indie rock triste dos anos 90.
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Formada em 2013 na cidade de St. Louis, Missouri, Choir Vandals é uma banda de indie rock que lançou 4 EP’s antes de anunciarem o lançamento de seu álbum de estreia, “Dark Glow”. E como o nome deixa claro, esse é um álbum obscuro, mas com uma luz no fim do túnel.
O som deles é interessante, pois não é depressivo, como a grande gama de bandas que se encontram no revival do emo dos últimos anos. Ainda assim, o som deles é melódico, induzindo a introspecção e com um cansaço presente em cada acorde que te faz lembrar de The Smiths, Pavement e outras tantas bandas indie do final dos anos 80, início dos anos 90.
O próprio vocalista da banda, com um barítono cansado, lembra um pouco o Morrisey, de longe, mas eu lembrei bastante do The Kooks, nos seus melhores anos e sem a batata entalada na garganta.
As músicas, recheadas daquele tom confessional, mas sem entregar muito típico das bandas que estavam saindo da esfera do punk e criando algo de novo, são carregadas de repetições de versos e arrastamento de sílabas. Em determinado momento do álbum, uma música começa com um discurso acerca de Hiroshima e o que prossegue é uma música com acordes irônicos que lembram uma canção havaiana, vocal cansado e dá quase pra ver a banda tocando num bar com uma meia dúzia de indivíduos mal acabados, bêbados, sem esperança, a espelunca caindo aos pedaços, com garçonetes feias e um barman pior ainda.
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Mas não é um mero revival sem graça, pois assim como “Sick Scenes” no início do ano, o Choir Vandals são frutos de uma geração que cresceu com internet e consomem de tudo um pouco, então o som deles contém elementos que as bandas indie dos anos 90 nem sonhavam em usar, no caso deles, trompetes.
Enfim, “Dark Glow”, assim como “Sick Scenes” não é nenhuma nona maravilha do universo, mas é um álbum bem legal de se ouvir, uma obra interessante e, ouso dizer, necessária para os dias de hoje, em que nossos exemplos bons musicais tem se tornado tão escassos e desonestos.