quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Dica cinematográfica: "O amigo da minha Amiga" (1988)

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E o Rohmer fez de novo. Finalizando a sua série de “Comédias e Proverbos”, ele criou esse incrível diamante romântico chamando “O amigo da minha amiga”.

De um casual encontro durante o almoço, Blanche se torna amiga de Lea, que namora Fabien e quando as duas amigas encontram Alexandre, Blanche demonstra interesse e a partir daí temos um belo conto moral sobre relacionamentos, a volubilidade do ser humano e, claro, a solidão.

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“O amigo da minha amiga” se tornou um dos meus filmes favoritos. Sua narrativa é guiada de forma magistral, com a apresentação cadenciada de cada um dos personagens antes dos conflitos começarem a aparecer. Todas as ações ocorrem de forma natural, orgânica e por esse motivo, o filme acaba sendo muito crível.

O tratamento que Rohmer dá aos seus personagens é humano e realista, mas a história não deixa de ser romântica, como é de se esperar de um diretor que fundou sua carreira em bases cristãs. Nada no filme é muito transgressor e isso é ótimo, porque é a vida como é ou deveria ser. Rohmer é um romântico, no entanto, também é um diretor do século XX, portanto, ele é deslocado, assim como seus personagens principais, e suas histórias, essa principalmente, pode revoltar alguns “revoltados contra o sistema”, mas para os que tem um mínimo de maturidade, o filme é um deleite.

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A direção só reforça isso. Com um cuidado extenso aos detalhes, às imagens e à composição de cada cena, Rohmer nos agracia com um espetáculo de cores, movimentos de câmera e cortes. Ele sabe o que faz e faz muito bem e aqui nesse filme, em especial, ele se encontra no seu ápice, vale lembrar que esse filme já caminhava para o final da carreira do diretor, então todos os experimentalismos que ele ousou colocar nas telonas em filmes como “A colecionadora” e “A mulher do aviador” estão aqui, mas com menos intensidade. Aqui, o diretor encontra o seu equilíbrio.

Não poderia deixar de elogiar os atores e atrizes. Não sei qual era o relacionamento de Rohmer com sua equipe, mas todos estão ótimos em seus papéis, passando mais credibilidade e uma naturalidade notável ao filme. Além, é claro, de serem todos bonitos como o quê!

É claro que não é um filme para todos. Como eu disse lá em cima, não é um filme arroz com feijão, Rohmer deixa impor suas ideias no filme e elas podem não agradar, mas eu gostei demais e por isso tinha que fazer essa dica. A nota, mais uma vez, não podia ser diferente.

5 pontos