terça-feira, 26 de setembro de 2017

Dica cinematográfica: "Em ritmo de fuga" (2017)

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Estava animado para esse filme, afinal é de um dos melhores diretores de filmes da atualidade, Edgar Wright, um cara que, assim como Peter Jackson, começou no trash e assim como Christopher Nolan, consegue ser autoral e trabalhar com grandes estúdios. Uma figura rara.

Em “Ritmo de fuga” conhecemos Baby, um motorista de fuga para um grande figurão do crime, que vive com fones de ouvido para superar um problema de ouvido que conseguiu num acidente de carro. Baby segue nessa vida, pois tem uma dívida com esse figurão e quando conhece Debora, uma garçonete, encontra uma motivação para quando finalmente quitar sua dívida, mas ele acaba descobrindo que uma vez dentro do mundo do crime, a saída é muito mais difícil do que se imagina.

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O filme é basicamente o trailer de “Blue Song” expandido e é simplesmente fantástico. É um desses raros filmes que misturam gêneros de forma magnífica, no caso, musical e ação. É um filme de ação por motivos óbvios, inclusive é vendido como um filme de ação, mas acima disso, é um musical (assim como Scott Pilgrim). É um musical, pois a música é a parte mais importante do filme, é a cola que liga todas as cenas, momentos, falas, corridas, tiros... enfim, a música é o personagem mais importante e a cereja no bolo é que, quem controla a trilha sonora do filme é Baby.

O filme entre em modo full-meta e toda a sua trilha sonora toca num dos inúmeros ipods de Baby ou nas mixtapes que ele cria. Por que Baby tem um problema no ouvido, ele está sempre de fones de ouvido fora de casa e quando dentro de casa, sempre tem uma caixa de som tocando música. O fato dele viver com um surdo-mudo é apenas mais um artifício para que a música possa ser a figura central no filme todo.

E que música, hein? O filme é recheado de músicas antigas, jazz e disco são os principais gêneros, mas há também rock clássico, funk e rap, dando o tom para o filme e encaixados como personagens aqui através da edição brilhante de Edgar Wright.

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E esse ponto merece um parágrafo próprio. Edgar Wright é um mestre na edição, isso é claro em Scott Pilgrim e é marcante no “Homem-Formiga”, mas aqui ele encontra o seu ápice. Não é apenas Baby que se guia pelas músicas e cada um de seus passos são ritmos, mas toda a ação do filme, das cenas de tiroteio às cenas românticas.

Entendo que isso possa gerar uma confusão na cabeça de muita gente e acho que é por isso que muita gente se decepcionou com ele, mas esse é o estilo de Edgar Wright, é gostar ou largar e eu gosto e não largo. O cara é foda.

No final, o filme perde um pouco de fôlego, talvez ele pudesse ter se mantido mais fiel à premissa original e tentado ser menos movido a cenas de ação com tiros, mas é apenas os últimos minutos e num filme com quase 2 horas, isso não prejudica.

Enfim, “Em ritmo de Fuga” é um raro filme que mescla a trilha sonora com as cenas, musical e ação na mesma medida, além de ser um ótimo exemplo de título traduzido melhor que o original.

4 pontos