quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Dica cinematográfica: "Como se tornar o pior aluno da escola" (2017)

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Baseado no livro/manual de Danilo Gentili, este filme cria uma história para dar um pouco mais de consistência ao projeto do humorista e se sai muito bem, sendo uma das melhores comédias brasileiras lançadas no último ano, quiçá da década!

O filme conta a história de Bernardo, um garoto que está se encrencando na escola depois da morte de seu pai e quando está prestes a sucumbir a pressão imposta pelo diretor de seu colégio, o menino descobre um manual atrás de uma das privadas da escola e junto de seu amigo, Pedro, vai atrás do criador da obra para descobrir como colar no exame final de matemática.

Estava esperando um típico filme de comédia com atuações mais ou menos, piadas sem graça que só fazem sentido dentro do contexto do filme e uma produção meia boca, mas acabei de me surpreendendo e muito.

Pra começar, o filme é muito bem produzido, com uma qualidade de imagem e som dignas das melhores comédias de Hollywood (nível “Pineapple Express” mesmo), com cenas muito bem ensaiadas, efeitos primorosos, músicas excelentes, enfim... os aspectos técnicos do filme são impecáveis e o ápice de tudo isso é a cena de perseguição da van, uma cena difícil de ser feita, mas que quase chega no mesmo nível que comédias de ação excelentes como “Os Outros Caras”.

Depois temos as atuações, que não são dignas de nenhum Oscar, mas dão um banho em qualquer filme de comédia brasileiro recente. Os atores-mirim (que eu nem sei se são tão mirins assim) não são comediantes, mas se encaixam muito bem no papel designado a eles, fazendo muito bem a típica dupla gordo e magro de comédias mais escrachadas. Os outros atores estão ainda melhores, até pelo fato de terem mais experiência, mesmo o Vilagran, com seu sotaque carregadíssimo consegue ser engraçado (talvez até pelo seu sotaque) e o que dizer de Moacyr Franco, que eu acho insuportável n’A Praça é Nossa, mas que está ótimo em seu papel como zelador da escola.

E as piadas, algo que incomoda o público mais sensível, são ótimas, não tem aquele problema típico de comédias brasileiras que são feitas para o filme e apenas, é o tipo de piada que dá pra falar com os amigos no dia seguinte e dar muita risada!

É escrachado, chulo e de baixo calão, mas dá pra tirar algum proveito de raros momentos em que o filme assume um tom mais moralista, como quando o Pior Aluno diz ao Bernardo que se ele for reprovado na escola vai virar lixeiro mesmo, embora ele ache que o Bernardo não tenha capacidade para tanto. Ou ainda quando o Pior Aluno dá uma lição de moral no Pedro na cena em que inventa um apelido para ele, ensinando também ao público que suportar apelidos é algo extremamente necessário para a vida adulta.

Você pode até discordar do discurso de Danilo Gentili nessa questão, mas o fato é que ele está certo. Não sou do tipo cretino que acha que bullying é algo saudável. Não acho, mas existe sim uma diferença muito grande entre botar um apelido no colega da sala para que vocês possam rir juntos e chamar ele de algo que ele não gosta todo dia apenas para vê-lo bravo. Uma das lições mais importantes que podemos aprender na escola é justamente a rir de nós mesmos, pois apenas assim podemos ter uma vida adulta saudável.

No mais, é uma comédia despretensiosa, para ser assistida quando se quiser desligar o cérebro e se deixar levar.

Vale muito a pena!

4 pontos e meio