terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Dica literária: “A Visita Cruel do Tempo” de Jennifer Egan (2010)

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Mais um livro lido para a faculdade e que veio saciar uma vontade que tinha há muito tempo de saciar.

“A Visita Crual do Tempo” é um livro escrito pela jornalista Jennifer Egan, que é também escritora de livros de ficção e conta uma caralhada de histórias, que se entrelaçam e mantém uma fina conexão entre si. No centro dessas histórias parece estar Sasha, uma mulher sardenta e que sofre de cleptomania, cujo passado, presente e futuro abre portas para que possamos conhecer os mais diversos personagens; seu chefe Bennie, que era o alvo das atenções de Rhea, quando eles ainda eram adolescentes e na mesma época, conheceram Lou, um figurão do rock, que caminha desde sempre para sua autodestruição e mais um monte de outros personagens secundários, mas que funcionam como narradores de acontecimentos que acabam por iluminar a história contada no livro, abrangendo mais de 30 anos de histórias.

O livro me lembrou bastante David Foster Wallace, um autor que ninguém na minha faculdade conhece (surpreendente para um bando de pessoas que se dizem “pós-modernas” o tempo todo), no que tange a escrita de Jennifer Egan. Obviamente ela foi influenciado pelo cara, chegando até a simular o seu estilo num dos capítulos do livro, mas, infelizmente, ela não chega tão longe quanto ele.

Sua genialidade não é tão profunda e nos momentos em que se propõe a ser mais filosófica acaba por ser bem rasa. No entanto, sua delicadeza é incomensurável, pois são muitos os momentos do livro que emocionam, de verdade, o leitor, com passagens subjetivas muito belas, deixando espaço para interpretação, mas entregando uma carga emocional gigante de qualquer forma.

Esse é o ponto alto do livro.

Conforme avançamos para o final na leitura, esse lado mais emocional vai sendo deixado de lado e infelizmente ele não termina numa nota alta.

Alguns aspectos também irritam. Apesar da autora não se posicionar em nenhum momento, sua ironia (ou ausência dela, em alguns momentos) incomoda, principalmente quando ela se refere a republicanos ou ao expor alguns dados do futuro, que nunca deixam claro o que ela quer dizer de fato. É algo que incomoda num nível pessoal, claro, mas eu gosto de pessoas assertivas.

Enfim, o livro não é uma obra obrigatória, mas foi uma boa leitura para encerrar minha matéria de literatura ano passado.

3 pontos