terça-feira, 30 de abril de 2019

Dica televisiva: Alf, o Eteimoso (1986-1990)

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Nas minhas últimas férias prometi para um casal de amigos muito bons que iria colocar em dia todos os animes que estava devendo assistir. O que eu acabei fazendo foi baixar todo o Banana Fish, não assistir nem 10 episódios e passar as férias inteiras assistindo Alf, o Eteimoso e Jeannie é um Gênio. No momento em que escrevo essa dica ainda não terminei a última série, portanto hoje falaremos de ets.

Alf, o Eteimoso (que tem uma das melhores traduções de títulos de todas) conta a história do alienígena melmaquiano Gordon Shumway, o qual foge da explosão de seu planeta natal, Melmac e acaba caindo na garagem de uma típica família americana, os Tanner, onde ele passará a viver como um indesejável, porém amado, inquilino.

Como uma série do final dos anos 80, Alf ainda conta com aquela ingenuidade gostosa que marcou séries famosas como Arnold e Punky, A Levada da Breca. Os Tanner formam uma típica família tradicional, pai, mãe e um casal de filhos com um gato de estimação. Pra ser 100% só faltou o cachorro. Nessa dinâmica, não há problemas em se assumirem verdades eternas, nem em histórias com lições de moral.

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Infelizmente, a série se situa bem na época de transição de um zeitgeist mais pueril para o zeitgeist sujo e desolado que marcou a mentalidade dos anos 90. Algumas discussões na última temporada se tornam mais pesadas e exigiram mais do que os produtores da série estavam dispostos a abordar. Penso como exemplo disso o episódio em que Lynn, a filha mais velha, passa um final de semana esquiando com o namorado e entra em conflito com seus pais por querer ir morar com ele. A discussão nesse episódio se torna tão rasa  e os acontecimentos tão improváveis que beira o surrealismo.

Ainda falta a malícia e a ironia que marcou séries que estão na mesma época de transição ou que viriam logo depois, como Um Maluco no Pedaço e 3 é Demais. No entanto, o humor pueril é digno de nota e apreciação. Simples, cadenciado e inofensivo, Alf pode ser visto hoje como uma joia rara, uma obra que não ocorre mais, lembranças de tempos mais simples.

Continua engraçado e continua marcante, ao contrário de outras séries da época.

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Infelizmente já não se enquadrava nos padrões da época e acabou sendo cancelado, mas de uma maneira muito inteligente, abrindo brecha para o filme que viria, infelizmente, apenas muitos anos depois, devido a prováveis problemas de orçamento e financiamento. O filme não é tão bom quanto a série e até perde um pouco da graça e do brilho do Alf original, mas também tem seu valor. Eu o assisti no orignial em inglês, o que provavelmente estragou muito a experiência. Alf em inglês é inassistível, a dublagem brasileira melhorou muito a série.

Uma típica sitcom, muito bem produzida e carregando valores indiscutíveis é um clássico absoluto a arte de se fazer televisão.

5 pontos

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Dica literária: “Nove Estórias” de J.D. Salinger (1953)

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Enquanto escrevo essa dica estamos, aqui onde moro, naquela época do ano em que chove descontroladamente, o céu fica nublado o dia todo e dá pra tirar os cobertores do armário pra ler Salinger o dia todo deitado na cama com um cappuccino do lado. Foi o que fiz nos últimos dois dias lendo uma obra que há muito não revisitava: Nove Estórias.

Publicada em 1953 e sei-lá-quando na 3ª edição brasileira que tenho em mãos, esse livro reúne nove dos mais aclamados contos que o autor escreveu e publicou no New Yorker quando em vida. Isso foi antes dele se tornar um chato fanático e viver em reclusão numa cidade do interior. Aqui todo a genialidade de Salinger aflora num nível que nem mesmo o mais entusiasta de O Apanhador no Campo de Centeio poderia imaginar. Chocante, transgressor e garboso, cheio de charme ao mesmo tempo, esses nove contos são pérolas que me impressionaram quando adolescente e continuam me atingindo como um raio, embora hoje as encare de uma maneira diferente do que antes.

Nenhuma delas forma um ciclo, algumas se relacionam apenas brevemente e os últimos esforços narrativos conhecidos de Salinger fizeram com que elas ganhassem um viés metaficcional dentro de seu universo familiar. No entanto, a primeira e a última compartilham um existencialismo mordaz, beira o niilismo que me deixou extasiado quando adolescente e hoje me impressiona pelo controle que Salinger tinha sobre a narrativa.

Ainda que hoje não me impressione mais com conclusões niilistas e análises cruas de uma sociedade condenável, o controle que ele demonstra ter sobre cada pequeno detalhe da história (cada descrição, diálogo ou pensamento que possa ocorrer) são louváveis. Ao término da leitura do livro fico com a sensação de que nenhuma vírgula foi em vão. Ele pensou em tudo.

Os temas são variados, mas igualmente negativos. Niilismo, desilução, alienação, controversão e sordidez recheiam as páginas dos contos que Salinger escreveu. Tudo partindo de uma visão de mundo muito particular (nobre, até mesmo burguesa, qual o problema?) que injeta camadas de beleza em cada uma de suas sentenças e é nesse ponto que reside o chamamento de cada uma de suas estórias.

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Esteticamente é um primor. A narração irônica deixa claro as origens de Salinger, que enaltecem um ideal de beleza virtuoso. Isso acaba sendo refletindo nas suas descrições de momentos mundanos, num realismo que acaba abrindo espaço para toques de Midas sabiamente orquestrados para fazer até mesmo da ponta queimada de um cigarro uma obra renascentista.

Tudo bem, eu exagero, mas é realmente bom. Neste ano, Salinger faria 100 anos se estivesse vivo. Data que praticamente passou em branco, pois a vida pessoal desse gigantesco autor foi conturbada demais para o jornalismo militante atual. De qualquer forma, esse blog tenta fazer uma singela homenagem a esse que foi um dos últimos (se não o último) grande escritor cosmopolita americano.

5 pontos

terça-feira, 23 de abril de 2019

Dica cinematográfica: “4 Aventuras de Reinette e Mirabelle” (1987)

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Rohmer foi um dos maiores gênios da cinematografia mundial. A promessa tardia da Nouvelle Vague não foi transgressor como Godard, nem ousado e criativo como Truffaut, mas é na simplicidade e intelectualidade que restam os louvores de sua obra. Este filme não é exceção a regra, mas sim um dos melhores exemplos dela.

Quando Mirabelle fura o pneu de sua bicicleta numa estrada de chão durante uma viagem de férias no interior com a família, conhece Reinette, que ajuda a garota a recuperar o pneu do veículo. As duas logo se tornam amigas e juntas acabaram passando por 4 aventuras, todas narradas de um jeito singelo e belo, como apenas Éric Rohmer poderia ter feito.

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As duas jovens são muito diferentes e é em seus contrastes que o filme se sustenta. Não apenas fisicamente, uma morena e a outra loira, mas também na personalidade. Reinette é um moça do campo, mas que conheceu muitos lugares, pois viajou para vários lugares com a família. Foi educada em casa e é dona de um senso de ética e moral muito forte, o que a impede de compactuar com algumas atitudes e pensamentos de sua nova amiga. Mirabelle é uam garota que cresceu em Paris, um cidade grande, portanto acabou adotando uma postura mais racional e fria perante a realidade.

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O jogo de contrastes entre as duas personagens revela reflexões sutis acerca do comportamento humano, colocando questões éticas em primeiro plano, embora de uma maneira quase imperceptível. É o estilo Rohmer de narrativa. Há muito pano pra manga, mas é de um tecido fino e quase invisível.

Como obra de Rohmer o filme não deixa de salientar a moralidade e a teimosia correta do povo do campo, no entanto, acaba por apresentando a perspicácia e raciocínio lógico que apenas a cidade poderia nos dar. É uma união que gera atritos, mas também força.

Tecnicamente o filme não poderia ser mais bonito. Aqui está tudo que torna o cinema de Rohmer tão característico, belas pessoas, belos cenários, uma câmera rápida que se movimenta com maestria pelo ambiente, ausência de música e diálogos muito inteligentes.

De todos os filmes que assiste de Rohmer, esse já entra para a lista de obras mais fáceis de serem vistas. Não por não levantar questões que perturbam, muito pelo contrário (esse filme é capaz de te deixar muitas horas pensando nos assuntos em que ele toca), mas porque esse filme é leve, te faz entrar na obra de cabeça e você nem vê o tempo passar enquanto o assiste.

5 pontos

sexta-feira, 19 de abril de 2019

O monte ardia em chamas que subiam até o céu...

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A semana começou com uma notícia devastadora... a catedral de Notre Dame sofreu um incêndio, que destruiu o telhado da catedral e sua agulha, símbolo máximo da arquitetura gótica.

Nesse momento não me importa de verdade as causas do incêndio, quem foram os responsáveis ou como eles serão responsabilizados por isso. O momento atual é de pesar.

Mas não de pesar pela perda de um monumento extremamente para a história da arquitetura, o seu valor artístico e cultural ou a possibilidade de que tudo isso tenha sido planejado. É um pesar pelo que essa catedral representava, um pesar em ver parte da sua herança ter sido perdida.

Eu sou um brasileiro, pardo e católico. Essa é parte da minha identidade, mas o que realmente significa tudo isso? Por ser pardo, não sou branco nem negro, estou perdido num limbo das raças que não interessam a ninguém. Hoje em dia, ou você é negro ou é branco, não tem meio termo.

Sou brasileiro e amo esse país de meu Deus, mas o que esse país fez, faz ou fará por mim? Pouco ou nada. Mudaria daqui facilmente, pra ser honesto, embora eu saiba que sentiria eternamente saudades dessa Terra de Santa Cruz.

Minha religião é a parte mais importante da minha identidade. É à Igreja que devo grande parte dos meus amigos, das minhas oportunidades de emprego, das minhas boas memórias e da minha educação. Foi o Catolicismo que me deu os padrões morais, se sou considerado uma boa pessoa por grande parte das pessoas que interagem comigo, devo isso à Igreja.

E muitos de nós devem tudo que tem hoje à Ela também. Só não reconhecem.

Das nossas leis à grande parte da nossa ideia do que é ser belo. Do conceito de laicidade à teoria do Big Bang. Devemos tudo isso à Igreja Católica.

E ao mesmo tempo é a instituição que mais apanha no mundo inteiro. Em parte, os ensinamentos de Jesus nos torna cordeiros, temos que dar a outra face, mas a realidade é que a Igreja tem os seus inimigos. Embora alguns sejam melhores que outros.

Não se reconhece que é a herança da Igreja que nos fez chegar até onde chegamos. Se tantas mazelas da sociedade foram deixadas para trás, como parte de um passado distante é por causa da Igreja, que cometeu seus erros, sim, mas é sempre bom lembra. A Igreja é Santa, seus fieis, nem sempre.

A França foi o país que chegou a ter 1 igreja para cada 200 habitantes. Se o centro da Igreja reside em Roma, é na França que estão seus frutos mais belos. Os franceses nunca teriam inventado o amor sem um profundo senso de religiosidade católica. E nós, como filhos de Portugal, devemos muito à tradição francesa. O silêncio de nossos líderes, da mídia e até mesmo dos membros da própria Igreja é revoltante.

Nosso relacionamento com o mundo é como um hexágono.

Os pontos exteriores representam cada um das nossas afinidades, características diversas da nossa vida, relacionamentos pessoais, práticas esportivas, estudos, vida política, finanças, enfim... tudo aquilo que move o nosso dia a dia. Bem no centro está Deus. Quanto mais próximo de Deus, mais próximos ficamos de tudo aquilo que nos cerca, mais equilibrada é a nossa vida.

E é esse equilíbrio que não podemos esquecer. É a falta desse equilíbrio que tem levado a França e quase toda a Europa ao caos. É essa a causa das chamas que a atingiram no início da semana.

Como nos lembra Chesterton, a arquitetura gótica é a única forma de arquitetura militante, em marcha para a glória de Deus, em pé e pronta para a batalha, nunca silenciada, sempre impotente.

 A catedral de Notre Dame levou mais de 100 anos para ser terminada. Quem começou a construção nunca a viu finalizada, mas o fez por algo maior, um Bem maior. Essa noção de sacrifício por algo maior foi perdida nos tempos atuais e é isso que destrói nossa natureza, acaba com os direitos civis e nos destrói a esfera privada cada vez mais. Talvez ainda faça um post aprofundando isso, mas, basicamente, uma vez que não vivemos por algo maior, vivemos por nós e o nosso tempo não é o suficiente para promover mudanças positivas.

A nós, apenas nos resta esperar, na fé, que, como uma Fênix, a fé francesa levante das cinzas de Notre Dame.

https://twitter.com/Inaki_Gil/status/1117868382785802242

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Dica musical: “Remind Me Tomorrow” da Sharon Van Etten (2019)



A Sharon Van Etten é uma antiga querida minha. Uma verdadeira beldade e joia rara dentro do mundo da música, foi alvo da minha paixão platônica por muito tempo. Tanto que uma vez imprimi um retrato dela e colei na parede do meu quarto, a fim de dormir todos os dias olhando para ela. Em 2019, ela retorna com um trabalho novo, elaborando uma sonoridade indie com as suas características letras introspectivas.

Escrito enquanto ela estava cursando psicologia e grávida, Remind Me Tomorrow apresenta letras que lidam com essa fase conturbada da vida de Sharon. Conturbada, no entanto, desejada, afinal ser mãe e psicóloga é um sonho antigo da cantora que expressa isso há anos em diversas entrevistas que dá.

Dividir-se entre a maternidade e uma carreira nova não são atividades fáceis, ainda mais morando numa metrópoles como Nova Iorque, no entanto isso nunca a derrubou e serve de inspiração para letras que nos contam sobre esse processo. A cantora continua a criar álbuns intimistas e é legal ver que essa característica perdura, mas se reestrura com o passar de cada álbum. São experiências novas que formam novas canções para Sharon.

A sonoridade é bem distinta daquela primeira fase que me apaixonou no longínquo ano de 2012. Pessoalmente, não me agrada tanto, mas acho melhor que a sonoridade de seu último álbum, mais lento e minimalista. Aqui há um certo retorno (ou seria melhor um novo caminho?) em direção ao rock que sempre esteve presente de uma forma bem única nos seus primeiros trabalhos.

O álbum se inicia com canções que remetem ao último trabalho, sonoramente, mas logo as canções vão ganhando mais espacialidade, se expandindo e a veia roqueira de Sharon se revela conforme o álbum se desenrola dentro de nossos ouvidos. É uma boa trajetória, mas eu prefiro o estilo em que ela iniciou.

De qualquer forma, é um álbum que vale a pena escutar. O trabalho mais recente de Sharon Van Etten não decepciona, até porque eu não sabia o que esperar dele e o resultado agrada.

4 pontos

terça-feira, 16 de abril de 2019

Dica musical: “Nossos amigos e os lugares que visitamos” do El Toro Fuerte (2019)

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E eis que venho indicar mais um CD daquela turma talentosa de Minas Gerais.

El Toro Fuerte é uma banda de rock fundada por amigos talentosos que fazem parte da Geração Perdida de Minas Gerais, entre eles o Fábio de Carvalho, que já foi dica do blog aqui e eu não escondo minha admiração pelo cara, que, na minha opinião, é um dos melhores artistas musicais desse Brasilzão na atualidade!

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Aqui ele não está sozinho e o som que surge do El Toro Fuerte acaba sendo bem diferente do som que ele criava sozinho, mas sendo igualmente experimental. Indo do shoegaze ao math rock, a banda mescla elementos que fizeram parte de todas as vertentes do rock triste para salpicar as letras recheadas de nostalgia e uma boa dose de simplicidade.

O álbum já começa com uma música que não nega as origens no indie rock, soando como um The Strokes dos bons tempos, ela acaba incluindo elementos do hardcore, que revitalizou o rock no início dessa década e culmina num experimentalismo típico das bandas lá de Minas, com uma sonoridade bem idílica e letras intimistas. A partir daí a sonoridade se expande, abrangendo o shoegaze, caindo no punk e voltando ao indie rock dançante, sem deixar de experimentar com elementos do math rock, que pontuam cada música, criando melodias que ficam na cabeça por horas após ouvir o álbum.

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As letras são simples e, como bem disse a banda, focam no tema da amizade. Há letras de amor para garotas, obviamente, mas a maioria trata de descobrir novas amizades e se descobrir no processo. Sair de casa para conhecer alguém acaba de ganhar uma trilha sonora nova.

Não é o tipo de rock que agrada aos mais puristas do gênero. As influências da banda parecem se concentrar apenas na contemporaneidade. A mais antiga talvez sendo aquele rock slacker dos anos 90, então não agrada o pessoal cabeludo que gosta de usar jaqueta de couro. Mas é o suficiente para dar um ar novo a esse gênero que representa a alta cultura do século 20.

Não conhecia El Toro Fuerte. Acabei descobrindo que eles já tinham um CD e fico feliz que seu segundo trabalho seja tão bom. Espero que mantenham o nível ou melhorem cada vez mais!

4 pontos e meio

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Qual é o meu gosto?

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Numa discussão com meus irmãos do LocadoraTV um deles disse que não acessa mais o blog, pois tenho o gosto duvidoso.

Não o critico, pois é só dar uma olhada nas minhas dicas aqui do blog que você encontrará motivos para duvidar do meu gosto pessoal. MC Gorila, Hora do Rush (a série) e As Branquelas são os exemplos mais claros disso. Não demorou muito para que eu entrasse numa discussão interessante com os LocadoraTVeiros.

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Pra começar, falemos de gosto. Como diria Burke, o gosto não é um parâmetro definitivo para a definição do que é bom ou ruim. O gosto é uma representação de um condicionamento que a pessoa sofreu ao longo de sua vida. Uma pessoa pode ser condicionada a gostar de vinagre e odiar açúcar, mas ela nunca deixará de saber que o vinagre é amargo e o acúçar é doce. Se isso acontecer, há algo de errado com os seus sentidos.

Dito isso, podemos admirar coisas e saber que elas são ruins. Eu admiro coisas, sabendo que elas são ruins. Eu sei que MC Gorila, a série da Hora do Rush e As Branquelas são piores que Franz Liszt, O Mecanismo e They Shall Not Grown Old. Ainda assim, admiro essas obras, porque eu fui condicionado a admirá-las.

Eu sou um integrante do povo. Cresci numa família popular, ouvindo modão caipira, assistindo desenho de manhã e lendo gibi da Turma da Mônica. Ao mesmo tempo, meu pai trabalhou numa editora por muitos anos e minha mãe é uma historiadora muito crítica. Dessa influência cresceu o meu gosto pela literatura, a crítica verdadeira e o bom gosto. Domingo a tarde, a TV de casa só era ligada para o futebol. Meus pais nunca deixaram de criticar a programação da TV brasileira, a degeneração moral que nossa terra sofre e as mazelas do governo.

Concluindo, tenho um pé na baixa cultura e um pé na alta cultura.

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Isso é completamente possível e aceitável. Explico isso em alguns parágrafos, mas antes temos que falar em quem define o que é a alta e a baixa cultura.

Meus amigos do LocadoraTV defenderam a ideia opressora da maioria. Hoje isso está muito em voga, se a maioria gosta, é porque é bom, se não é ruim.

Nada mais longe da realidade.

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Obviamente a definição de bom e ruim passa por um consenso em que a maioria concorda, mas não é necessariamente definido pela maioria. ATENÇÃO! A questão discutida aqui é o ponto de partida. Se num grupo de 5 pessoas, 3 falam que algo é ruim e 2 falam que algo é bom, algo é ruim.

Em matéria de arte não é assim. 60% do mercado fonográfico brasileiro é constituído de sertanejo universitário. É um gênero bom? Não. As músicas não contam nada, as melodias são repetitivas e a harmonia é pobre. Ainda assim, é o que a maioria gosta.

Vejamos o exemplo da minha querida Nouvelle Vague, o movimento de vanguarda do cinema francês nos anos 60. É um consenso de que os filmes da Nouvelle Vague são bons, excelentes, entre os melhores da história do cinema. Mas quem disse isso? A minoria que os assistiu.

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A ditadura da maioria não deve se aplicar ao mundo das artes, se não cairemos numa espiral do silêncio, que já destruiu a esfera política, acabou com a relevância da esfera artística e tem potencial para destruir a esfera do entretenimento também.

E nessa discussão toda, onde entra o meu gosto, que não é definido pela maioria e reconhece as falhas de meu condicionamento pessoal para a admiração de obras de arte?

Recorro a teoria da ferradura de Jean-Pierre Faye, que é aplicada no campo da política para dizer que os extremos político são, na verdade, muito próximos. A extrema direita e a extrema esquerda andam de mãos dadas na sua intolerância.

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A Cultura também é uma ferradura e a alta e a baixa cultura também são muito próximas. É inegável o quanto que a Rapsódia Húngara mexe com as emoções humanas. Foi criada para isso, com a nobre intenção de tocar os seres humanos no âmago.

É inegável que o mesmo acontece com “Se Arrependeu” do MC Delano. É uma canção que nos move, para outro lado, mas nos move. Não é uma música criada a toa e o clipe é a maior prova disso. Logo no começo, enquanto o protagonista tenta se reerguer após o término de um relacionamento, ele puxa um livro da sua estante. Esse livro é As Veias Abertas da América Latina, um clássico anticapitalista que eu, particularmente, desprezo, mas é um livro inteligente. Esse livro não está no clipe do MC Delano a toa. MC Delano não é qualquer um. Ao longo do clipe o negão bonito abandona a loirinha e vai ficar com uma mulata muito gata! Você acha que tudo isso foi simplesmente soltado a toa? Pense nas relações que podemos estabelecer com essas imagens... Há algo além do que nossos olhos vêem.

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É o mesmo com o Gorilão, com os irmãos Wayans e com qualquer outro grande menosprezado pela “crítica especializada”, pelos defensores do “bom gosto”, os supostos “inteligentes”. Aquela obra de arte caça-níquel, safada, esdrúchula, em muitos casos não saiu do nada. Há um estudo de mercado, uma intenção. Por trás de cada piada de peido do Adam Sandler, há uma compreensão de qual o melhor momento para se encaixar uma piada, uma construção de uma situação que leve ao humor e uma intenção.

Isso é algo que minha mãe me ensinou e eu, graças a Deus, aprendi cedo. Por trás de toda obra de arte há uma intenção. Algumas, a alta cultura, a intenção é nobre, virtuosa, grandiosa. Outras, a baixa cultura, a intenção é sujar, criar o caos, destruir.

Em ambos a intenção é quebrar o status quo. Os extremos querem nos mudar, um para melhor, outro para pior. É essa a ideia que criou a estética do cinema trash e filmes B dos anos 70 e 80. É a estética da boca do lixo em SP, dos filmes do John Waters e do Fome Animal.

Aí eu chego ao que me desagrada. Não é nem a alta, nem a baixa cultura, é a média cultura. O que eu não gosto é de tudo aquilo que está no meio da ferradura, são os filmes formulaicos, as músicas pop repetitivas, as séries que não seguem um projeto e os livros criados só para vender. É isso que é ruim de verdade, é por isso que eu não vou mais ao cinema.

Alguém acha que o Tony Stark vai morrer no final do Vingadores: Ultimato? Alguém se surpreendeu com o novo CD da Anitta? Quem dá risada assistindo o Novo Zorra?

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Tudo isso é formulaico, eles seguem uma fórmula que fez sucesso e a exploram até não poder mais. Eles jogam no seguro, não correm riscos. Não tem skin in the game. É isso que eu acho ruim, de verdade. Eu nem me importo que uma obra me ofenda (Thomas Bernhard, por exemplo), contanto que seja disruptiva, transgressora, que me surpreenda em algum de seus aspectos!

Pra encerrar, uma lista de brilhantes e seus opostos, mas o responsável por descobrir o que é brilhante e o que não é, será você:

Luz em Agosto, O Náufrago (livro), Nirvana, MC Delano, Black Sabbath, Agnaldo Timóteo, Arctic Monkeys, Franz Liszt, As Branquelas, 2001: Uma Odisseia no Espaço, MC Gorila, The Room, Solaris, Na Idade da Inocência, Fome Animal, O Senhor dos Anéis, Black Mirror, Watchmen, Elvira: A Rainha das Trevas e qualquer obra do Adam Sandler.

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Dica literária: “Sol e aço” de Yukio Mishima (1968)

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Não me identifico tanto com um livro desde que li O Apanhador no Campo de Centeio pela primeira vez quando ainda tinha 15 anos... quase 10 anos atrás.

Sol e Aço é um livro do escritor japonês Yukio Mishima que segue o formato de um ensaio autobiográfico. Nele Yukio conta a sua relação com o seu corpo, como ele passou a se preocupar com sua forma, as revelações que isso o levou a ter, a influência disso na sua arte e, posteriormente, na sua filosofia de vida e vida de trabalho.

Yukio Mishima é uma das figuras mais idiossincráticas da literatura mundial. Nascido no Japão durante o pós-guerra, começou a malhar ainda adolescente, se alistou no exército, entrou para a aeronáutica japonesa, brigou a vida inteira com sua (homo)sexualidade, fundou um partido político de direita, tentou aplicar um golpe de estado e cometeu sepuku.

Sempre o achei um tremendo de um babaca, mas acabei sido convencido a ler alguma obra dela por causa do Pewdiepie, que leu mais de 70 livros ano passado e eu só superei ele por um. Decidi ler mais ficção esse ano e estava atrás de coisas diferentes para ler e acabei baixando esse livro do Mishima e comecei a lê-lo durante as aulas teóricas da auto-escola. Para minha surpresa não era de ficção e para meu espanto, é um dos melhores livros que já li na vida.

Mishima tinha gostos peculiares, entre eles o gosto pelo sol, por suar, pelo exercício físico e logo descobriu como moldar o próprio corpo. Também estou passando por essa fase de descobrimento, embora tardiamente, mas foi interessante ler os pensamentos que foram se formando no fundo da minha mente escritos por outra pessoa. Parecia que eu havia descoberto algo que procurava há muito tempo sem saber.

Yukio relata a sua escalada, sua saída das sombras para ascender aos céus, em direção ao sol, forçando a sua arte (no caso, a escrita) a se tornar uma com seu corpo. Um processo criativo que fugia às noções mais clássicas, a do escritor sozinho no meio da noite. Yukio fugia desse ridículo ideal romântico e, de fato, sua escrita é diferente.

Yukio é poético, conciso, mas consegue incluir muito em poucas linhas. Neste livro, suas descrições são breves, porém marcantes e as cenas finais são de tirar o fôlego.

Infelizmente essa obra está esgotada em terras brasileiras e sem prazo pra retornar às livrarias. Nem mesmo edições estrangeiras são fáceis de serem encontradas, mas a Estante Virtual está aí pra salvar quem precisa.

Então corra atrás, que vale muito a pena essa leitura.

5 pontos

terça-feira, 9 de abril de 2019

Dica cinematográfica: “Hoaxed” (2019)

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Dirigido por John Du Toit e Scooter Downey, com produção do grande Mike Cernovich, este é o documentário mais importante dessa década, junto a The Red Pill.

“Hoaxed” se propõe a analisar o fenômeno das fake news, nome que começou a se alastrar como uma praga por todo o mundo (ocidental, pelo menos) após as eleições americanas de 2016, que elegeram Donald Trump. A partir desse momento, Mike Cernovich, o narrador de toda a obra, começa a apresentar diferentes casos de fake news com os quais ele manteve contato ao longo de sua longa trajetória como jornalista.

Nisso entram as histórias de Alex Jones e Cassie Jay. Alex Jones todo bom fã de teorias de conspiração já conhece. Maluco e praticamente banido da internet por uma série de controvérsias, seus testemunho como vítima de fake news ganha espaço nesse documentário, mas ele nunca fui uma pessoa muito defensável (apesar do filme mostrar um lado que não conhecemos dele, Alex é pai e trabalha como jornalista independente há mais de 20 anos, sendo responsável por levantar questões muito pertinentes acerca da política externa americana). No entanto, o que primeiramente me assombrou foi o testemunho de Cassie Jay.

Pra quem não se lembra, Cassie é uma produtora de documentários, responsável pelo excelente The Red Pill, que eu amo imensamente. O documentário foca na controvérsia que se seguiu ao lançamento do documentário e da qual eu não estava ciente. Cassie foi acusada de misógina, seu documentário foi acusado de ter sido financiado por “ativistas de direitos masculinos” e sua credibilidade não foi apenas posta de cheque, como sua imagem junto a mídia tradicional e mais popular foi destruída.

Cassie é um dos casos mais tristes de fake news que existe, mas é daí pra pior. O documentário começa a retratar a imagem de outras figuras como Scott Adams (criador de Dilbert e o gênio que previu a vitória de Donald Trump), a própria história de Mike Cernovich e também a de Gavin McInnes. Junte-se a isso uma análise profunda da estrutura da mídia, fornecida por caras como Stefan Molyneux e Ryan Holiday, que já havia desmascarado as estratégias da mídia em seu livro “Acredite, estou mentindo”.

Conhecemos a história da mídia tradicional, a falsa imagem que Hollywood, junto com os jornalistas, criaram do jornalismo. Aquela visão romântica do cara que persegue a verdade a todo custo é grande parte mentira e sabemos disso pelos inúmeros escândalos envolvendo a mídia e, finalmente, as ligações políticas.

As consequências desastrosas sofrem uma análise psicológica de Jordan Peterson (que aqui não faz seus comentários desastrosos sobre o pós-modernismo) e vemos os resultados desastrosos da polarização política causada pela mídia tradicional. O fortalecimento de grupos terroristas como o Antifa, sua violência degenerada e até mesmo a morte de um político republicano, que a mídia não perde tempo em demonizar.

É algo de revirar o estômago e o simples fato disso acontecer sem a grande população saber é ainda mais desesperador.

Sem se ater a uma ideologia, o documentário corre atrás do líder do Black Lives Matter em NY, que não só não conhecia casos de violência que seriam de seu interesse, pois ele também estava sendo manipulado, como relatou uma história muito bela. Durante um protesto a favor de Trump, ele foi recebido por um dos líderes do protesto, que abriu um espaço de dois minutos para ele falar e o que ele disse é o que todo eleitor de Trump também diz: “Eu sou um americano, eu sou um Cristão e eu quero um país melhor!”. O momento filmado por câmeras de pessoas que estavam no protesto obviamente não ganhou atenção nenhuma da mídia tradicional, que só se interessa pelo show, por histórias que possam servir ao sensacionalismo barato.

O final não poderia ser diferente. A alegoria da caverna de Platão nunca esteve tão atualizada e nos faz lembrar do nosso papel, como financiadores da mídia. Sem nós, a mídia tradicional não existiria. E sem nós, os perseguidores da verdade não existiriam.

5 pontos

sexta-feira, 5 de abril de 2019

As melhores brigas, porque o Brasil é lindo!

 

 

 

Somos passionais! O mundo reconhece isso! O Brasileiro é um ser que ama e o amor é um sentimento vasto, com diversas facetas e dimensões... uma delas é o lado negativo, que gera aquela paixão violenta, ciumenta, briguenta... A combinação de nossa natureza passional com a internet é: VÍDEOS DE BRIGA!!!

Sou um grande fã de vídeos de briga, passo horas assistindo a vídeos desse tipo. Brigas de escola, brigas de políticos, brigas de homens, brigas de mulheres, a internet brasileira agrada a todos os gostos possíveis. É por isso que o post de hoje é uma homenagem a essa categoria tão especial de vídeos da internet brasileira.

Pra começar, porque não com o sucesso do momento? VEM TRANQUILO!!! O vídeo consegue incluir em pouco mais de 2 minutos tudo que um bom vídeo de briga precisa, dois briguentos, uma rua vazia, um cinegrafista amador e comentarista, além de bordões que serão adotados por todos os brasileiros nas próximas semanas, proporcionando risadas e alegrias.

https://www.youtube.com/watch?v=fm3JHC3Fzso

Mas não é só na rua que temos brigas. No cenário político polarizado como o de hoje, temos muitas brigas rolando nos congressos por aí. Essa semana, o pessoal em Macapá honrou o WWE com direito a pulos em cima da multidão que se esbofeteava.

https://twitter.com/clay_sam/status/1113853959108792320

Os cinegrafistas-comentaristas são parte muito importante dos vídeos de briga e o Deixa as Duas é a melhor prova disso, onde a cinegrafista-comentarista nos transmite diversas lições da lógica das brigas de rua, como, por exemplo, que não se pode separar duas pessoas brigando, porque se não uma dá mais na outra.

https://www.youtube.com/watch?v=DizWJVh0bmM

Vídeos de briga também podem nos proporcionar um rico aprendizado das diferentes matizes de nossa amada pátria, como bem atesta o do Ousado. É um vídeo do famoso bullying moleque, mas também tem seu momento de briga e muitos jargões nordestinos.

https://www.youtube.com/watch?v=MiMwa3pKt-M

É o tal do Bullying Moleque que gera preciosos momentos nas escolas. Agradecemos pelo registro da Voadora Invertida.

https://www.youtube.com/watch?v=9L3zz_ECyXI

Não escondo que odeio jornalista e nessa onde, o Sub-Zero brasileiro é um herói!

https://www.youtube.com/watch?v=01bAq0butOI

Apesar disso, matérias de jornal já geraram diversos registros de brigas de rua que valem a pena serem lembrados.

https://www.youtube.com/watch?v=5tx3-Og-W7o

A terra do futebol, claro, só poderia gerar brigas após os jogos e aquela xenofobia amistosa!

https://www.youtube.com/watch?v=qjSyzcsHnOI

É claro que bêbado brigando é um show à parte, diferenciado!

https://www.youtube.com/watch?v=qPoLvEAgYN0

 

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Dica aplicativística: Happy Mod

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Ao comprar meu novo celular não me atentei ao fato de que ele não tinha root e acabei ficando escravo dos abusos cometidos pela indústria dos games mobile... Isso até descobrir esse aplicativo que indico hoje.

Além de app, é também um site, o Happy Mod basicamente é uma store para aplicativos modificados. Esses aplicativos obviamente foram feitos para que os usuários de jogos mobile não tivessem que aturar os abusos que a indústria insiste em empurrar para a gente, microtransações absurdas, propagandas indesejadas, enfim... o Happy Mod basicamente nos entrega apenas aquilo que queremos ter.

A estrutura tanto do site quanto do app segue a estrutura da PlayStore, apresentando não apenas games, mas aplicativos de uso geral, embora apenas os games funcionem decentemente.

Nem todos funcionam, pra ser bem honesto, mas pelo menos os mods conseguem tirar a propaganda de todos e anular as microtransações na maioria.

4 pontos

terça-feira, 2 de abril de 2019

Dica cinematográfica: “Heaven on Earth: The Rise and Fall of Socialism” (2005)

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Ouve-se falar muito de socialismo, marxisto, ainda mais numa época como a nossa, onde esses termos parecem ser igualmente atuais e obsoletos, dependendo da sua posição nos quadrantes políticos. Mas qual a origem disso tudo?

Baseado no livro de mesmo nome, essa série em 3 episódios nos apresenta as origens do socialismo com o experimento utópico de Robert Owen, passando pelo seu desenvolvimento europeu no século 19, suas mais diversas ramificações no século 20 e sua imagem metamorfoseada nos dias atuais.

Contando com diversas entrevistas de historiadores, sociólogos e filósofos, os documentários apresentam uma narrativa concisa, numa linha do tempo mais ou menos linear, com ramificações que se antecederam a outras. Cada modificações que as ideologias socialistas foram passando parecem respostas a anseios da época em que se situam ao mesmo tempo em que tentam escapar dos erros passados.

No entanto, nunca deixando de ser um projeto utópico, com pouco apelo ao mundo real.

Muito bem produzido e apresentando uma extensa lista de referências, o documentário é convincente, conseguindo cumprir aquilo que cumpre: apresentar a história do socialismo e suas ramificações. Aqui, o socialismo não é apresentado como uma simples ideologia de esquerda, mas um conjunto de ideias, uma semente daninha que brotou junto a árvore que constitui a sociedade, deixando marcas e ramos que talvez nunca sejam exterminadas.

É dessa forma que surgem variações tanto de extrema esquerda, quanto extrema direita, membros libertários e conservadores se unem diante de um ideal utópico que jamais será alcançado, mas que contém consequências pesadas na realidade.

É um dever de todo cidadão assistir esse filme.

5 pontos