quinta-feira, 11 de abril de 2019

Dica literária: “Sol e aço” de Yukio Mishima (1968)

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Não me identifico tanto com um livro desde que li O Apanhador no Campo de Centeio pela primeira vez quando ainda tinha 15 anos... quase 10 anos atrás.

Sol e Aço é um livro do escritor japonês Yukio Mishima que segue o formato de um ensaio autobiográfico. Nele Yukio conta a sua relação com o seu corpo, como ele passou a se preocupar com sua forma, as revelações que isso o levou a ter, a influência disso na sua arte e, posteriormente, na sua filosofia de vida e vida de trabalho.

Yukio Mishima é uma das figuras mais idiossincráticas da literatura mundial. Nascido no Japão durante o pós-guerra, começou a malhar ainda adolescente, se alistou no exército, entrou para a aeronáutica japonesa, brigou a vida inteira com sua (homo)sexualidade, fundou um partido político de direita, tentou aplicar um golpe de estado e cometeu sepuku.

Sempre o achei um tremendo de um babaca, mas acabei sido convencido a ler alguma obra dela por causa do Pewdiepie, que leu mais de 70 livros ano passado e eu só superei ele por um. Decidi ler mais ficção esse ano e estava atrás de coisas diferentes para ler e acabei baixando esse livro do Mishima e comecei a lê-lo durante as aulas teóricas da auto-escola. Para minha surpresa não era de ficção e para meu espanto, é um dos melhores livros que já li na vida.

Mishima tinha gostos peculiares, entre eles o gosto pelo sol, por suar, pelo exercício físico e logo descobriu como moldar o próprio corpo. Também estou passando por essa fase de descobrimento, embora tardiamente, mas foi interessante ler os pensamentos que foram se formando no fundo da minha mente escritos por outra pessoa. Parecia que eu havia descoberto algo que procurava há muito tempo sem saber.

Yukio relata a sua escalada, sua saída das sombras para ascender aos céus, em direção ao sol, forçando a sua arte (no caso, a escrita) a se tornar uma com seu corpo. Um processo criativo que fugia às noções mais clássicas, a do escritor sozinho no meio da noite. Yukio fugia desse ridículo ideal romântico e, de fato, sua escrita é diferente.

Yukio é poético, conciso, mas consegue incluir muito em poucas linhas. Neste livro, suas descrições são breves, porém marcantes e as cenas finais são de tirar o fôlego.

Infelizmente essa obra está esgotada em terras brasileiras e sem prazo pra retornar às livrarias. Nem mesmo edições estrangeiras são fáceis de serem encontradas, mas a Estante Virtual está aí pra salvar quem precisa.

Então corra atrás, que vale muito a pena essa leitura.

5 pontos