terça-feira, 9 de abril de 2019

Dica cinematográfica: “Hoaxed” (2019)

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Dirigido por John Du Toit e Scooter Downey, com produção do grande Mike Cernovich, este é o documentário mais importante dessa década, junto a The Red Pill.

“Hoaxed” se propõe a analisar o fenômeno das fake news, nome que começou a se alastrar como uma praga por todo o mundo (ocidental, pelo menos) após as eleições americanas de 2016, que elegeram Donald Trump. A partir desse momento, Mike Cernovich, o narrador de toda a obra, começa a apresentar diferentes casos de fake news com os quais ele manteve contato ao longo de sua longa trajetória como jornalista.

Nisso entram as histórias de Alex Jones e Cassie Jay. Alex Jones todo bom fã de teorias de conspiração já conhece. Maluco e praticamente banido da internet por uma série de controvérsias, seus testemunho como vítima de fake news ganha espaço nesse documentário, mas ele nunca fui uma pessoa muito defensável (apesar do filme mostrar um lado que não conhecemos dele, Alex é pai e trabalha como jornalista independente há mais de 20 anos, sendo responsável por levantar questões muito pertinentes acerca da política externa americana). No entanto, o que primeiramente me assombrou foi o testemunho de Cassie Jay.

Pra quem não se lembra, Cassie é uma produtora de documentários, responsável pelo excelente The Red Pill, que eu amo imensamente. O documentário foca na controvérsia que se seguiu ao lançamento do documentário e da qual eu não estava ciente. Cassie foi acusada de misógina, seu documentário foi acusado de ter sido financiado por “ativistas de direitos masculinos” e sua credibilidade não foi apenas posta de cheque, como sua imagem junto a mídia tradicional e mais popular foi destruída.

Cassie é um dos casos mais tristes de fake news que existe, mas é daí pra pior. O documentário começa a retratar a imagem de outras figuras como Scott Adams (criador de Dilbert e o gênio que previu a vitória de Donald Trump), a própria história de Mike Cernovich e também a de Gavin McInnes. Junte-se a isso uma análise profunda da estrutura da mídia, fornecida por caras como Stefan Molyneux e Ryan Holiday, que já havia desmascarado as estratégias da mídia em seu livro “Acredite, estou mentindo”.

Conhecemos a história da mídia tradicional, a falsa imagem que Hollywood, junto com os jornalistas, criaram do jornalismo. Aquela visão romântica do cara que persegue a verdade a todo custo é grande parte mentira e sabemos disso pelos inúmeros escândalos envolvendo a mídia e, finalmente, as ligações políticas.

As consequências desastrosas sofrem uma análise psicológica de Jordan Peterson (que aqui não faz seus comentários desastrosos sobre o pós-modernismo) e vemos os resultados desastrosos da polarização política causada pela mídia tradicional. O fortalecimento de grupos terroristas como o Antifa, sua violência degenerada e até mesmo a morte de um político republicano, que a mídia não perde tempo em demonizar.

É algo de revirar o estômago e o simples fato disso acontecer sem a grande população saber é ainda mais desesperador.

Sem se ater a uma ideologia, o documentário corre atrás do líder do Black Lives Matter em NY, que não só não conhecia casos de violência que seriam de seu interesse, pois ele também estava sendo manipulado, como relatou uma história muito bela. Durante um protesto a favor de Trump, ele foi recebido por um dos líderes do protesto, que abriu um espaço de dois minutos para ele falar e o que ele disse é o que todo eleitor de Trump também diz: “Eu sou um americano, eu sou um Cristão e eu quero um país melhor!”. O momento filmado por câmeras de pessoas que estavam no protesto obviamente não ganhou atenção nenhuma da mídia tradicional, que só se interessa pelo show, por histórias que possam servir ao sensacionalismo barato.

O final não poderia ser diferente. A alegoria da caverna de Platão nunca esteve tão atualizada e nos faz lembrar do nosso papel, como financiadores da mídia. Sem nós, a mídia tradicional não existiria. E sem nós, os perseguidores da verdade não existiriam.

5 pontos