sexta-feira, 28 de junho de 2019

A Razer Brasil deu um grande passo em direção a uma cultura sadia

razer

No último final de semana, um acontecimento abalou a internet brasileira. No dia 21 de junho deste ano de nosso Senhor 2019, uma gamer representante da marca Razer no Brasil postou uma imagem no twitter em que estava montada num touro mecânico e dizia estar “montada no chat”. Um usuário qualquer do twitter respondeu “pode montar em mim a vontade :)” e como ela não gostou do comentário respondeu de forma grosseira e desabafou “homem é lixo”.

A seguir, outro usuário respondeu com a seguinte mensagem: “Poxa nome censurado para segurança do blog não precisa generalizar :(”, ao que a representante da Razer respondeu que precisava sim e afirmou que o homem que não é lixo é exceção.

Após isso seguiu-se uma onda de indignação com a atitude da menina, puxada por, pasmem, outra menina! E então surge a Razer Brasil, que num comunicado oficial no Twitter anunciou que a tal gamer não teria o contrato renovado, que iria acabar em poucos dias.

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Em seguida, outros acontecimentos vieram, como indignação da lacrosfera e até mesmo declarações de morte a gamer que perdeu contrato com a Razer. No entanto, este post é dedicado a celebrar a corajosa atitude da Razer Brasil, que pode até ser vista com dúvida, mas foi muito acertada.

A tal gamer não desabafou apenas, ela optou por realizar uma generalização imbecil. Já disse em outras oportunidades que toda generalização é idiota. Ela usou uma generalização como regra, mas não existe regra sem comprovação empírica. Quais as comprovações empíricas de que homem é lixo?

Por mais que internautas brasileiros, de sangue latino e emocionais, tenham exagerado e vacilado com o ocorrido, um erro não justifica o outro. A decisão da Razer foi acertada, pois o que interessava a Razer era o que uma gamer que tem patrocínio da marca está falando ou deixando de falar ao seu público e no caso ela falou um enorme erro.

Generalizar todo homem como lixo é apenas mais uma faceta do mal que acomete os nossos tempos, é apenas mais uma faceta do que Robert Bly já nos havia alertado há mais de 30 anos, vivemos uma crise da masculinidade.

Os movimentos sociais dos anos 60 tiveram o papel importantíssimo de valorizar e colocar em destaque minorias de todo tipo, mas o que vivemos, de fato, foi apenas uma inversão da pirâmide, quando a luta inicial buscava a destruição da pirâmide que oprimiu minorias por tanto tempo. Quem foi jogado para baixo dessa pirâmide? Homens, brancos e heterossexuais. Se você se encaixa nas 3 categorias, boa sorte nesse mundo, meu amigo... vai precisar.

homer-simpson

Apesar dos resultados não serem sentidos com força na economia e na política, eles são muito presentes na cultura. A guerra cultural foi real, já está ganha. Basta ver a representação de pais nas séries ou filmes, é sempre um boçal e Homer Simpson é o seu maior representante. Os originais da Netflix nem se esforçam mais. A própria associação de psicologia dos EUA declarou que a masculinidade tradicional é a causa dos problemas psicológicos dos homens. Como bem mostrou a propaganda em resposta a Gillete da Egard, homens são a maioria dos sem-teto, representam a maioria das fatalidades nos locais de trabalho, constituem a maioria das vítimas de homicídio, são a maioria das vítimas de sucídio. A guarda unilateral em casos de divórcios é, quase sempre a priori, da mãe. Homens são a maioria dos desistentes em escolas e minoria nas universidades e poucos ligam ou fazem algo pra mudar isso. Por que ninguém fala do Complexo de Adonis? O simples fato de alguém escrever um parágrafo desses incomoda por quê?

Se antes o homem era o provedor, o centro da família e carregava o mundo nas costas com orgulho e todos olhavam para ele com temor, hoje em dia é objeto de desprezo, motivo para risadas e coisa de gente “normal demais”. Ninguém deve ter orgulho de ser homem. Ninguém deve se sentir confortável em ser hétero. Ninguém pode achar pessoas brancas bonitas.

Isso não é igualdade, isso atesta contra tudo aquilo que os movimentos sociais dos anos 60 lutaram para estabelecer, mas serve para mostrar a hipocrisia de diversos setores da sociedade, que preferem fechar os olhos para problemas reais a fim de criar uma hegemonia para os seus próprios grupinhos fechados.

boystilts

Eu já falei pra dúzias de amigos, nós, como espécie mesmo, não estamos pronto para uma sociedade igualitária. Somos egoístas demais, mesquinhos demais, miméticos demais para isso. Porém, felizmente, ainda há quem tente e a Razer deu um passo enorme na construção de uma cultura verdadeiramente igualitária, com respeito de fato, sadia.

Fica aqui o meu parabéns e meu obrigado!