quinta-feira, 6 de junho de 2019

Dica teórica: “O Banquete” de Platão

 

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Esta é uma leitura que estava devendo a um de meus grandes amigos há um bom tempo. Finalmente pude realizá-la.

O Banquete de Platão é um livro escrito em forma de diálogo que conta a história de um jantar realizado entre diversos pensadores gregos. Entre eles estão Fedro, o médico Erixímaco, o peta Aristófanes e, claro, o filósofo Sócrates, que discutem a natureza do belo e do amor (Eros).

Apesar de organizado na forma de um diálogo que se inicia com Apolodoro relatando o que aconteceu na casa de Agaton, o anfitrião do jantar, O Banquete trata-se mesmo de uma dispute entre os diversos pensadores. Eles expõem suas ideias acerca do belo do Eros, cada um seguindo a sua especialidade, portanto cada um tendo uma opinião e um foco diferente.

As discussões são muito frutíferas, explorando o Eros de um ponto de vista biológico, social, romanesco, culminando na interpretação filósofica de Sócrates que parece unir tudo o que foi dito antes dele. No pensamento grego, Eros não era entendido apenas como o amor entre amantes ou amigos, parentes ou mesmo o sexual, mas a essência de tudo isso e o que gera a beleza.

A beleza, eterna e nunca mutável, é o que move os seres humanos e é o guia para seguir a Eros, entendido como mais um dos deuses do Olimpo. Sem esse norte, o Eros se torna vulgar e repudiável, quando outrora é louvável e educador. O Eros é o próprio filósofo, é o intermediário entre o momento em que se encontra e o momento em que se deseja estar.

A narrativa é leve e segue de forma simples, porém, em certos momentos, densa. Exige uma segunda leitura, mas não é irritante, nem complicada. Pelo contrário, é agradável como poucas obras de filosofia antiga o são. Possivelmente pelo seu tema, que não sofreu o desgaste do tema que a política ou a metafísica sofreu, por exemplo. É ainda atual as discussões ensejadas dentro desse livro.

A edição que li foi a bilíngue da LPM Pocket. Tem a qualidade mediana de todas as edições da editora, mas uma qualidade tradutória, que eu acredito que seja, fenomenal. Se o tradutor deixa o original do lado para ser conferido, então é porque a tradução é boa. Ou o tradutor é muito corajoso.

No entanto, os comentários de DonaldoSchüler (tradutor) inspiram confiança em seu trabalho, pela humildade e atenção que ele demonstrou no trato do livro. Há uma edição bilíngue da editora 34, deve ser mais bonita, mas ela não é encontrada na biblioteca da minha faculdade.

Enfim, ler filosofia antiga é sempre um deleite, mas essa obra de Platão é especialmente boa, nos ensinando sobre a beleza e o amor, além de nos ensinar a como parar um soluço.

5 pontos