quinta-feira, 13 de junho de 2019

Dica cinematográfica: “O homem do Rio” (1964)

poster_03

Mais uma raridade francesa, dessa vez estrelada pelo excelente Belmondo numa de suas atuações mais divertidas.

O Homem do Rio conta a história de Adrien Dufourquet, um soldado que recebe uma folga de uma semana e, portanto, decide passar esse momento com sua namorada, Agnés. O problema é que quando ele chega no apartamento da moça ela está sendo interrogada pela polícia, pois um ex-sócio de seu pai foi assassinado e apenas uma estátua rara de uma tribo indígena da América do Sul foi surrupiada. As suspeitas da polícia são concretizadas quando em plena tarde, Agnés é sequestrada e Adrien corre atrás dela, chegando ao cúmulo de entrar num avião clandestinamente e viajar, junto com os sequestradores e Agnés, para o Brasil.

O filme todo tem um tom muito leve, reminiscente das histórias do Tintin e outros personagens da cultura pop francesa da época. É uma aventura simples que passaria facilmente na Sessão da Tarde ou na Temperatura Máxima, sendo ideal para toda a família assistir.

Apesar de uma premissa simples, o filme se arrasta para lugares inimagináveis. Há uma conspiração envolvendo um tesouro indígena, que envolve políticos de Brasília, artistas do Rio, membros do exército e indíos da amazônia. O filme cresce e se expande, mas nunca perde a ordem. A narrativa é bem construída.

Infelizmente, ela também abusa da liberdade criativa. Adrien e Agnés, por exemplo, pegam um carro e dirigem do Rio até Brasília pra encontrar outro ex-sócio do pai dela. As distâncias continentais brasileiras são resumidas às distâncias francesas, que são superadas por qualquer estrada estadual do Brasil. Outro ponto de crítica muito forte é o abuso do estereótipo brasileiro.  O primeiro brasileiro que Adrien encontra é um engraxate descolado do Rio. Em outro momento, Agnés relaxa sambando numa favela.

Apesar de uma crítica válida, eu acho válido também desconstruirmos essa crítica e abraçar o estereótipo. Infelizmente nossa população é pobre e até hoje se submete a trabalhos pouco dignos, sem perder o sorriso. Ainda assim somos alegres e estamos sempre celebrando quando podemos. O estereótipo do brasileiro é também uma amálgama de nossas maiores qualidades.

Nos aspectos técnicos é um filme impecável, apesar de exagerado. As manobras que Adrien dá para salvar o dia são absurdas e não podemos esquecer que tudo que acontece no filme se passa em apenas 1 semana. Ainda assim, os efeitos especiais estão de parabéns. É fácil notar como tudo é falso (por exemplo, as cenas do avião ou as pedras do templo caindo), mas temos que lembrar que esse filme foi feito há mais de 50 anos.

O filme é bom, poxa.

4 pontos