terça-feira, 4 de junho de 2019

Dica musical: “Músicas para Drift vol. II” do Yung Buda (2019)

 

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Anunciado desde o ano passado e muito aguardado por mim, Yung Buda finalmente lançou sua segunda mixtape, seguindo suas temáticas, mas abordando o trap com maestria.

Músicas para Drift vol. II não é uma continuação direta do volume 1. Pelo contrário, é um sólido trabalho dentro da discografia crescente do rapper brasileiro, que, nessa mixtape, se aventura pelo trap. As batidas são mais minimalistas, porém mais agressivas, mesclando-se com canções mais lentas e melódicas, por exemplo, Piloto e Califórnia (World Tour).

Nesse ritmo, a mixtape se encontra como a progressão clara dos sons que Yung Buda já havia explorado em singles como Beats by Deus e Hacker DressCode. Dessa forma, ainda que seja diferente do volume 1 lançado em 2017, há uma unidade nos seus lançamentos musicais.

Essa coesão é intensificada com os temas explorados. Sempre falando de mulher e carros velozes, com referências a animes e filmes cult, Yung Buda consegue criar uma estética muito clara que se encaixa como uma luva no zeitgeist da nosso Brasilzão atual.

Apesar de contar com apenas 6 canções, o álbum parece ser mais longevo do que realmente é. A atmosfera criada pelos instrumentais das batidas, muito espaciais e dinâmicos, dá uma impressão de que as músicas são mais longas do que realmente são. Elas ficam ressoando em nossos ouvidos mesmo horas após o seu término.

O flow de Yung Buda nunca esteve tão bem antes e as rimas conseguem ser encaixadas de forma simples, porém impactante, ainda que esse não seja o foco do trap. Yung Buda é um dos poucos que consegue aliar conteúdo com estética musical dentro desse gênero, que eu, particularmente gosto, mas reconhece suas falhas. Acredito que o trap já esteve há tempo suficiente para que comecem a surgir artistas que queiram criar algo além de pura estética dentro do gênero.

Enfim, Músicas para Drift vol. II é uma ótima pedida para os fãs de hip hop brasileiros. Um dos artistas mais ousados dos últimos tempos e que ainda tem muita lenha pra queimar, merece mais reconhecimento do que recebe.

5 pontos