sexta-feira, 7 de junho de 2019

Viva Carlos Alberto de Nóbrega!

Na quinta-feira passada, A Praça É Nossa terminou de maneira diferente. Ao contrário do típico “E a praça é nossa! Ela é muito nossa!”, o programa terminou com o Carlos Alberto de Nobrega descrevendo sua viagem a Brasília para receber o título de comendador das mãos de Rodrigo Maia.

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Uma iniciativa que começou com um pedido de Alexandre Frota, atual deputado federal, terminou com o maior escada da televisão mundial sendo recebido pelo atual presidente do Brasil em sua sala. Bolsonaro o recebeu de braços abertos num momento de pura descontração e alegria.

Após isso, em seção solene no plenário, Carlos Alberto foi chamado a frente para receber seu título e Onyx Lorenzoni anunciou que Jair Messias Bolsonaro vinha para a solenidade. Carlos Alberto recebeu o título de comendador, homenageando sua mulher e família, ao lado de Rodrigo Maia, Jair Bolsonaro, Alexandre Frota e até mesmo o Marcel Van Hattem estava sorridente lá no fundo. Tudo sendo transmitido pela TV Câmara.

O título de comendador é uma honraria dada a civis que se destacam na promoção da cultura, cidadania ou áreas afins. Tal título pode ser distribuído por muitos setores do governo e muitos artistas já receberam. No entanto, o que é surpreendente nessa história é a participação do presidente em tal solenidade.

Seções em que são feitas homenagens do tipo geralmente são restritas a uma panelinha de pessoas próximas ao homenageado. Políticos e outras figuras que acompanham o trabalho de perto o trabalho feito, mas é raro achar um seção que conta com a presença do representante maior do país.

Bolsonaro se disse honrado de participar do momento, congratulou Carlos Alberto por levar a alegria a todos nós no Brasil como o seu pai havia feito por tantos anos antes dele e finalizou seu breve discurso dizendo: “Sem humor, sem alegria, não tem-se razão de viver”.

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Eu já disse em outras oportunidades o quanto A Praça é Nossa é um excelente programa. Não só pelo seu valor histórico (só o Carlos Alberto está há mais de 50 anos liderando a atração), mas pelo seu valor cultural. É o único programa de humor que não se rendeu a onda do “humor inteligente”, nem ao stand-up comedy e muito menos ao politicamente correto, o qual sofreu duras críticas de Carlos Alberto de Nóbrega.

O resultado é um programa livre, aberto para os seus humoristas, que segue uma fórmula antiga e verdadeiramente brasileira, a das piadas prontas, com punch line. Por mais que um programa como o CQC tivesse feito sucesso ou que o stand up comedy tenha dado certo pra muita gente, o que o brasileiro gosta mesmo é de uma boa, breve e fácil piada pronta. Nós gostamos é de piadas com estereótipos, que brincam com a tragédia e abrem espaço para uma discussão rápida em torno de amigos numa mesa de bar.

Esse tipo de piada faz parte da nossa cultura. Está em nosso meio desde os primórdios da cultura no Brasil. José de Alencar já escrevia coisas nesse caminho e um clássico como Memórias de um Sargento de Milícias é um dos grandes atestados para isso. Nelson Rodrigues é lembrado até hoje por dar voz ao povo através desse recurso humorístico e Jô Soares e Chico Anysio, considerados pais do humor inteligente, nunca escaparam dessa fórmula.

E Bolsonaro reconheceu isso. Ele saiu de seu pedestal (ou o pedestal em que foi colocado) e nunca esqueceu suas origens junto ao povo. Isso é algo que nunca fez parte da natureza de nenhum presidente do país desde Jânio Quadros. E é por isso que foi eleito.

Em meio a presidenciáveis de quase 80 anos, que queriam ensinar português ao povo, descontrolados, com currículos falsos, que queriam censurar o whatsapp e fontes de memes, Bolsonaro foi o único que falou a língua do povo, como bem disse Mano Brown.

A verdade é que não houve uma guinada à direita, como defendem alguns. Foi a esquerda que se radicalizou. O povo não é trouxa, nem é massa de manobra como alguns setores da sociedade por aí. A verdade é que Bolsonaro faz naturalmente, o que o Marcel Van Hattem pensa duas vezes antes de fazer.

É por isso que ele ganhou. Simples assim.

Não precisa temer o Bolsonaro. Ele é só um tiozão do interiorzão do Brasil. Não é ele quem vai trazer de volta a ditadura, nem é ele que vai tirar o Brasil do buraco, mas ele é a representação de que a democracia no Brasil está, finalmente, alcançando a maturidade.

E viva Carlos Alberto de Nóbrega!

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