terça-feira, 12 de novembro de 2019

Lendo O Senhor dos Anéis pt.4 - Finalizando

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E finalmente chegou o grande momento de acabar a leitura de O Senhor dos Anéis. Terminei há algumas semanas e o impacto ainda reverbera em meu ser. Em fevereiro desse ano, mais especificamente no dia cinco, e desde então fiquei envolvido nessa leitura, ora chata, ora excitante, ora cansativa, ora rejuvenecedora, ora estagnada, ora inspiradora. Quando comecei a leitura o ano letivo da faculdade nem tinha começado, passei o carnaval na fazenda de um amigo, fugindo da degeneração que assola esse país e mais gravemente a cidade em que moro, iniciei um namoro, passei por uma greve dos ind(o)ecentes, descobri uma pedra no rim e iniciei um laborioso processo de luta contra meus demônios pessoais. Não foi fácil, no meio tempo li outros livros, como Fausto e Ascent, bolei um plano de leitura que envolvia parar a leitura entre seus livros, o que prolongou ainda mais a leitura, mas enfim terminei.

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O último livro de O Senhor dos Anéis, nomeado O Retorno do Rei inicia-se com a batalha final entre os exércitos do oeste, uma aliança entre os homens de Rohan com outros grupos de guerreiros e os exércitos do leste, formado basicamente por Orcs, mas também com outras forças do mal sob a liderança de Sauron. Saruman já está derrotado e mal aparece nesse livro, que também é formado por outros dois livros, o quinto e o sexto da saga.

Li o quinto livro em uma semana tão bom ele é.

Apesar das longas descrições, Tolkien não perde tempo com filuras e nos coloca no olho do furacão da batalha, fazendo-nos sentir cada flecha que passa pelas cabeças dos bravos guerreiros que lutam pelo término do mal na Terra Média. A luta é épica e podemos ver tudo dos olhos daqueles que se encontram no meio dela, os guerreiros, os guardiões de fortaleza, os cavaleiros e, porque não? As guerreiras também.

No entanto, ao mesmo tempo em que esse livro é extremamente bom, ele também é inconclusivo, pois termina antes da batalha acabar, abrindo espaço para acompanharmos as aventuras de Frodo e Sam perto do Orodruin, no sexto e último livro da saga.

Aqui a leitura se torna muito mais cansativa. Se Tolkien é um gênio da descrição, ele também é um gênio em criar atmosferas e se isso é bom para as atmosferas belas ou sublimes, isso é terrível para as atmosferas morosas e desoladoras. A trajetória dos hobbits na busca pela destruição do anel é cansativa, devastadora para o espírito deles e a leitura acompanha esses sentimentos. Apesar de eu me incomodar com isso, pois queria logo terminar o livro, agora, pensando com calma, entendo o quão poderoso isso é e o quão genial Tolkien foi na criação do seu épico.

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E ao final, quem destrói o anel todos sabemos, foi Golum, num último grito de Tolkien para a sua própria teoria de criação literária, a eucatástrofe, aquilo que de bom e redentor que ocorre quando tudo parece estar perdido, uma espécie de Deus Ex Machina, mas baseada na ação humana em direção ao Bem Maior. É a luta diária do cristão pela Graça colocada na forma de um épico pagão grandioso e muito bem trabalhado.

Ao final, as desventuras não terminam, como também na vida real. A destruição do anel ocorre na metade do sexto livro e ainda há dúzias de páginas para serem lidas, onde os hobbits colocarão em prática tudo aquilo que aprenderam, exibindo suas cicatrizes como um sinal de aprendizado e maturidade. É só assim que o Reino dos Céus pode ser alcançado e a última viagem realizada.

Apesar de um certo tom melancólico, uma clara definição do fim de uma era onde os elfos vão embora da Terra Média para nunca mais voltar, o livro termina de maneira puramente singela. Esse é o único adjetivo que eu consigo encontrar para essa obra fenomenal, singelo.

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A leitura é altamente recomendada para todas as pessoas. O Senhor dos Anéis é um livro profundo, carregado de significado, formando uma ponte clara com o maior livro de todos os tempos, podendo mudar de fato a sua vida. Eu, infelizmente, o encontrei num momento da minha vida em que busco outras leituras, no entanto, gostei demais da obra e não me arrependo de ter perdido tantos meses da minha vida nessa leitura, aliás, não perdi, só ganhei.

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