quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

2015 in review

The WordPress.com stats helper monkeys prepared a 2015 annual report for this blog.



Here's an excerpt:
A San Francisco cable car holds 60 people. This blog was viewed about 3,000 times in 2015. If it were a cable car, it would take about 50 trips to carry that many people.

Click here to see the complete report.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Dica cinematográfica: "Hazard" (2005)

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Mais um filmaço de Sion Sono sendo indicado.

"Hazard" é um filme escrito e dirigido por Sion Sono, majoritariamente filmado na cidade de Nova Iorque e mostra como o diretor foi influenciado pela Nouvelle Vague e os filmes de ação chineses dos anos 80.

O filme conta a história de Shin, um estudante de colegial que não vê graça alguma em sua vida e após completar o ensino médio vai para Nova Iorque. Logo que chega na megalópole americana compra uma camiseta onde se vê escrito "Hazard", o nome de algum bar da cidade e decide chegar até lá. O problema é que Shin só sabe falar japonês e em sua busca é assaltado, se envolve com gangstêres, mulheres fatais e comete crimes.

Este é um ótimo filme para entender a mente de Sion Sono (ou pelo menos sua abordagem cinematográfica), pois é um filme que parece ter sido criado enquanto era filmado, com cenas totalmente criadas na hora, dando muita liberdade para os atores criarem suas próprias falas, além da violência, com muitas cenas de luta, em sua maioria, sem cortes. Os diálogos são bem surrealistas, aliás, toda a história é bem surrealista, tornando-se absurda mesmo.

Mesmo com tantos momentos criados na hora, o filme não perde o fôlego e consegue ser interessante do começo ao fim, mantendo-se coeso em sua proposta, algo difícil de encontrar em filmes com tal ambição. As quase duas horas de filme passam rápido e ao final, a história dá uma guinada e torna-se um dos melhores filmes do diretor.

Enfim, altamente recomendado.

5 pontos

domingo, 27 de dezembro de 2015

Dica cinematográfica: "The Ridiculous 6" (2015)

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E mais uma vez me pergunto se essa é uma dica cinematográfica ou televisiva... quem sabe eu não deveria chamá-la de dica netflixica?

"The Ridiculous 6" é, eu acho, o primeiro filme do Adam Sandler em sua parceria com a Netflix e está começando muito bem, por sinal.

A premissa é simples, Adam Sandler é filho de uma indígena com um famoso ladrão do oeste e quando seu pai é sequestrado por um bando de criminosos, ele decide resgatá-lo numa jornada que irá fazer com que ele entre em contato com seus outros 5 meio-irmãos.

Como filme do Adam Sandler, é um filme retardado, para dizer o mínimo, cheio de piadas de peido e tal, mas o que se poderia esperar, é o pastelão mais chulo que Hollywood pode nos oferecer e é bom assim, é engraçado, é idiota e eu não entendo a birra que os nerds politicamente corretos tem com ele, afinal é humor fácil e qual o problema nisso?

Como uma paródio de filmes de faroeste, é melhor ainda, pois o filme usa e abusa dos clichês do gênero, como aqueles closes nos rostos, as cenas de enfrentamento em que dois rivais se encaram e a ambientação também está muito boa.

E vale um destaque para o Taylor Lautner, que faz o irmão idiota, protagonizando as cenas mais engraçadas de todo o filme.

Enfim, "The Ridiculous 6" é um ótimo filme de comédia. Já li muitas críticas negativas para o filme, mas nenhuma delas se sustenta, por que o crítico fala mal das piadas mais sexualizadas do filme (e que são fraquinhas mesmo), mas se fosse no South Park tudo bem. Eu simplesmente não entendo como esses críticos podem ser tão hipócritas, então, caríssimos, não acreditem nas críticas, elas são infundadas.

Se você está afim de um filme retardado, para assistir com os amigos, numa tarde em que todo mundo está com sono, esse é o filme ideal.

4 pontos

sábado, 26 de dezembro de 2015

Dica televisiva: One Punch Man (2015)

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E sim, chegamos a esse dia enfadonho em que eu tenho que escrever esta dica, por que One Punch Man acabou.

One Punch Man é um anime deste ano, sem sombra de dúvida o melhor lançado em 2015 e, provavelmente, o melhor da década, já que conta com qualidades raramente vistas hoje em dia.

A história acompanha o dia a dia de Saitama num mundo onde super-heróis são tão comuns ao ponto de existir uma associação de heróis com rankings e pontuação entre eles. Numa tarde enfadonha, após ter sido demitido, Saitama decide virar herói e começa a treinar, tornando-se o herói mais forte de todos. O único problema é que Saitama não é registrado na associação de heróis e sempre chega atrasado na cena da ação, como ele é muito forte, acaba destruindo seus inimigos em um soco só e nunca leva crédito pelas suas ações, por que não tem ninguém para vê-lo em ação.

É um anime de comédia e todos sabemos o quão lamentável é o humor japonês, no entanto, One Punch Man acaba se saindo muito bem no quesito comédia, talvez por se tratar de uma sátira de histórias de super-heróis ocidentais, dando um toque nonsense digno de Bob Esponja e afins.

A animação é excelente, muito bem feita e fluida. A última vez que assisti um anime com um tratamento tão bom foi em Zankyou no Terror (se não assistiu, faça um favor a si mesmo e assista agora), caminhando no sentido contrário ao das animações japonesas serializadas de hoje em dia. A trilha sonora também é muito boa, com o tema principal misturando heavy metal e rock melódico, gritando "One Punch!!!!" nas principais cenas de ação, arrepiando os pelos de qualquer um com o mínimo senso de envolvimento com o que está assistindo.

"One Punch Man" foi uma surpresa quando saiu este ano e é, com absoluta certeza, o melhor anime do ano, deixando no final, uma pontada aguda de tristeza, por que tem apenas 12 episódios. Eu espero que tenha um segunda temporada, já que seu mangá ainda é publicado (os dois, mas isso fica para outra dica) e ainda teremos mais alguns OVA's a caminho.

Enfim, "One Punch Man"... dica televisiva... forever.

5 pontos

(Só um parênteses, eu faço as dicas apenas quando as coisas "terminam" ou "completam", filmes e CD's são muito mais fáceis, por que é muito mais fácil completá-los, pois não leva tanto tempo. Já livros, hq's serializadas e séries de TV levam tempo para serem completadas, não só por que são mais longas, mas também por que eu levo mais tempo para terminar de ler/assistir essas mídias)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Os Melhores das Dicas Musicais de 2015

SSSSSIIIIIMMMMMMMM!!!! Chegou aquele ótimo momento do ano em que eu revisito todos os posts musicas que fiz ao longo do ano e monto uma listinha, sem ordem (até por que tá difícil escolher um entre os 3 melhores desse ano) e monto um post com tudo que você deveria ter ouvido esse ano e se não ouvi corre logo para ouvir.

Mas antes da lista em si, vamos às menções honrosas, que são aqueles álbuns que todo mundo gostou de ouvir, mas que seria covardia inseri-los entre os outros, ou por que seus artistas são muito bons ou por que não conta como um álbum de verdade.

RUMTUM - "Jiberish Beat Tape"

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Esse é um projeto genial do RUMTUM, lançado como se fosse uma dessas fitas k-7, onde o dono corta músicas que corta, insere suas próprias músicas e aí dá para algum amigo ou coloca pra tocar em alguma festa. São mais de 40 minutos que valem muito a pena serem conferidos. Não tem um segundo sequer que não valha a pena de "Jiberish Beat Tape".

Melt-Banana - "Return of 13 hedgehogs (MxBx singles 2000-20009)

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Este não é um álbum de inéditas, portanto não poderia estar na lista propriamente dita, mas é muito bom e merece ser ouvido e re-ouvido várias e várias vezes.

Cage The Elephant - "Tell Me I'm Pretty"

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Simplesmente esse álbum não funciona como álbum, mas funcionaria como um EP. Pela primeira metade do CD, "Tell Me I'm Pretty" merece ser destacado como uma das melhores coisas a acontecer no mundo da música esse ano.

Koji - "Fury"

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É um EP então não tem espaço com os outros álbuns, mas é muito bom, sim.

The Caulfield Cult - "Half Empty"

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Este ano a banda de rock de Singapura mostrou que merece estar entre os grandes nomes da música com este excelente EP.

E agora, vamos aos álbuns:

Citizen - Everybody is going to Heaven"

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Ótimo álbum que não se enquadra em nenhum gênero conhecido, mas é uma excelente mistura de ambient com noise, com garage rock, com mais um monte de outros gênero maneiros.

Albert Hammond Jr. - "Momentary Masters"

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Provando que Julian Casablancas estava errado, Albert Hammond Jr. lançou esse incrível álbum que pode ser encarado como o The Strokes que todos queremos ouvir.

Archy Marshall - "A new place 2 drown"

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O novo trabalho do ruivo impressiona pela diversidade, a qualidade e a ambição apresentados em apenas 10 músicas.

SUNN O))) - "Kannon"

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Um álbum completamente audível de uma banda excelente, muito centrada e fiel ao seu trabalho, além de ser muito ambicioso.

Natalie Prass - "Natalie Prass"

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Logo no começo do ano eu já sabia que esse álbum figuraria entre os melhores de 2015. É um álbum pop que junto com Tobias Jesso Jr. mostra que esse gênero tem futuro e finalmente eu estou disposto a escutá-lo.

Boogarins - "Manual"

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Tô cansado demais pra escrever o título completo do álbum, mas tá aí, se você ainda não escutou, escute!

Toro y Moi - "What for?"

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Excelente álbum de Toro y Moi, muito mais rock que os seus últimos, situando-se no melhor momento de sua carreira.

Troco em Bala - "Agreste"

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O rock nacional tem futuro, minha gente.

Vivendo do Ócio - "Selva Mundo"

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O que esperar do Vivendo do Ócio? Nada menos que excelência, claro!

Monster Rally & Jay Stone - "Foreign Pedestrians"

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Um dos meus álbuns mais aguardados do ano e junto com "B4da$$", o único que não me decepcionou.

Kamasi Washington - "The Epic"

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Sua presença aqui era óbvia, claro.

Title Fight - "Hyperview"

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O melhor álbum deles até agora.

Tobias Jesso Jr. - "Goon"

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O artista responsável por me fazer voltar os meus olhos para a música pop e, quem sabe, o futuro do gênero?

Fábio de Carvalho - "Tudo em vão"

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Eu não esperava que esse álbum ficasse preso na minha mente por tanto tempo. É simplesmente bom demais!

Mugen Hoso - "North Carolina Shepherd Dog"

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Esse é muito bom. Você tem que escutá-lo. Esses caras merecem demais a atenção de seus ouvidos.

Joey Badass - "B4da$$"

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Minhas expectativas estavam altas para esse álbum e não é que foram supridas?

The Early November - "Imbue"

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A qualidade que o The Early November alcançou com "Imbue" é inigualável e só não fica mais alto nessa lista, por que esta não é uma banda que focaliza a sua atenção em narrativas através de suas letras, o que o colocaria, com certeza, em primeiro lugar.

Defeater - "Abandoned"

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Com este álbum, um ciclo se fechou na história que Defeater conta desde sua fundação e, apesar de suas limitações musicais, é um álbum que merece ser revisitado pela sua qualidade lírica.

Kendrick Lamar - "To Pimp a Butterfly"

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Ele tem o ritmo, ele tem a qualidade sonora, ele tem a musicalidade, ele tem a ambição, ele tem as letras e ele tem a narrativa; se há algo que se aproxima de um álbum perfeito é "To Pimp a Butterfly".

Enfim, essa é a lista do ano, definitiva, qualquer outra, não é válida.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Dica literária: Flaming Carrot

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Comecei a ler esse quadrinhos depois de ler um post sobre ele na coluna do Caruso no Abacaxi Voador.

Flaming Carrot é um personagem que estreia sua própria história em quadrinhos, homônima, e é "peculiar", para dizer o mínimo.

Olha para o desenho acima e já dá pra ter uma ideia do que se trata a história; ou seja, nada lógico! Para começar, o quadrinho passou na mão de diversas editoras lá nos anos 80 (o BOOM de quadrinhos independentes), mas nunca conseguiu o sucesso de outras publicações da época (uma minoria, de fato, sobreviveu até hoje). Suas primeiras histórias foram publicadas como fanzines, copiadas no xerox e distribuídas em eventos pelo autor, por isso sua historia de origem não é encontrada em lugar nenhum, mas o número 1 é tido como a primeira edição publicada pela editora Aardvark-Vanaheim, uma editora independente do Canadá. A editora fez relativo sucesso no Canadá com a revista Cerebus e alguns títulos, como o Flaming Carrot conseguiram pegar carona no sucesso de Cerebus e conquistaram uma boa base de fãs regionais. Após alguns problemas burocráticos, Flaming Carrot e outros títulos da editora passaram para a Renegade Press e conseguiu ser publicado de forma esporádica até 2002, dessa vez pela Dark Horse. Numa tentativa de ressuscitar o personagem a Image o publicou de 2004 a 2006.

O próprio autor não esperava que sua base de fãs fosse tão fiel e quem lê Flaming Carrot, de fato, nunca esquece. A história é sobre um homem que após ler 5000 gibis de uma vez só para ganhar uma aposta ressurgiu na frente de todos como uma cenoura flamejante. Ele não tem nenhum poder e vence os inimigos com pura determinação, imbecilidade e uma baita sorte convencional. Inimigos que podem ser de comunistas a alienígenas, todos bizarros.

O senso de humor é, de certa forma, exigente, pois se vale de elementos bizarros para provocar risadas, quebras bruscas na ação (por exemplo, algo está acontecendo, como um roubo, e o Flaming Carrot simplesmente vira suas costas e vai embora), além de uma narrativa infantilóide típica de desenhos antigos como Tom e Jerry e Pica-Pau (por exemplo, bigornas caem do céu e derrubam o inimigo, do nada), sendo meio pastelão também.

Mas um ponto extremamente positivo é que a história do Flaming Carrot não fica estagnada, há uma evolução do personagem (que é um tremendo imbecil), sendo responsável por até criar uma liga de super-heróis (os do colarinho azul, um termo estadunidense para designar os trabalhadores do setor de serviços básicos, como lixeiros, pedreiros, marceneiros, metalúrgicos, essas coisas), algo que não é comum nessas histórias mais absurdas de comédia, quem lê quadrinhos, sabe.

Outro ponto legal, mas não para todos, é o ponto de vista histórico que esse gibi garante, sendo legal para quem tem curiosidade em saber como era esse período de boom dos quadrinhos independentes, tendo um traço característico da época, sendo preto e branco e, é claro, o humor que toca em algumas questões históricas, como a Guerra Fria e a Guerra do Vietnã, por exemplo.

Enfim, Flaming Carrot é uma obra que, a princípio, assusta, mas vale a pena ser lido e gera uma certa compensação moral ao final, por se tratar de algo tão obscuro, mas ao mesmo tempo, tão divertido, se, é claro, você souber desligar de fato o cérebro para lê-lo.

4 pontos

p.s.: as histórias do Flaming Carrot foram compiladas em 3 volumes (acho) capa dura pela Dark Horse ou Imagem (não lembro), mas não é muito fácil de ser encontrado, mesmo em terras internacionais, portanto deixo aqui um torrent que compila tudo que já foi publicado do personagem, inclusive histórias extras, como o crossover com as Tartarugas Ninja, que não foram compiladas pela Dark Horse ou Image (não lembro e tô com preguiça de pesquisar).

sábado, 19 de dezembro de 2015

Dica musical: "Quintessential Ephemera" da Rosetta (2015)

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Rosetta é uma banda de pós-metal (seja lá o que isso quer dizer) dos EUA, formada há mais de uma década e esse ano, mais especificamente em junho, lançaram o seu melhor trabalho de estúdio até hoje.

"Quintessential Ephemera" é um álbum épico, um projeto artístico formado por várias obras de arte, como uma enorme construção que conta com diversos prédios e juntos formam uma paisagem deslumbrante.

Todas as canções do álbum são grandes, não só em extensão, mas em todos os seus aspectos, desde as letras, que são igualmente longas, cantadas por um vocal agressivo e que dá um ar de desespero e grandiosidade maior a todo o trabalho, até a produção, com efeitos que aumentam a espacialidade da música, fazendo o álbum ocupar um espaço maior em seus ouvidos.

Os arranjos de guitarra são um show à parte, guiando e liderando todas as canções, dando o tom a narrativa que se constrói, ora mais calmo e melancólico, ora agressivo e bombástico, ora mais espacial e ambiental, ora mais introspectivo e contido.

Enfim, um álbum de proporções épicas, disponibilizado para ouvir aqui e que merece ser escutado bem alto.

3 pontos e meio

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Dica musical: "I want to grow up" de Colleen Green

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Mais um desses álbuns lançados em Fevereiro que só agora descobri e descobri por que ela veio ao Brasil e acabei gostando do som dela.

Este já é o terceiro álbum de estúdio da moça de 31 anos, Colleen Green, podendo ser classificado como um noise pop, pela presença forte de guitarras sujas e de sonoridade "rasgada", mas ao mesmo tempo, mantendo um ritmo meio doce, suave e gostoso de ouvir.

De fato, a maioria das canções aqui podem ser ouvidas como baladas e se não fosse pelo som mais sujo e cru da moça, provavelmente não estaria sendo indicado aqui.

Mas o ritmo é bom, é dançante e ao mesmo tempo suave, do tipo que você dança mandando um xaveco na menina. Os ruídos provocados pela distorção das guitarras não chega a ser barulhento e apesar dos outros instrumentos não se destacarem, eles executam a sua função primária de criar a melodia da música.

O único defeito nesse álbum seriam mesmo as letras, reminiscentes do pop são fracas e passam uma mensagem pseudo-feminista bem batida e manjada que não mexe com ninguém.

Enfim, o álbum não é perfeito, de forma alguma, mas é gostoso de ouvir, se saindo muito bem na sua função de entreter e vale a pena escutar.

3 pontos

Dica musical: "Return of 13 hedgehogs (MxBx singles 2000-2009)" do Melt-Banana (2015)

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Melt-Banana é uma banda que dispensa comentários. Ativos desde os anos 90, foram um dos grandes responsáveis por pavimentar o Japão como uma potência na música noise e por popularizar o noise-rock mundo afora.

Este álbum não é de músicas inéditas, como o título deixa claro é uma coletânea de singles, mas não de singles como você pode pensar, músicas com sucesso comercial e sim, músicas que a banda gosta de tocar e ouvir.

Todas as canções são apresentadas em ordem cronológica, o que é perfeito, especialmente para compreender as diferentes fases pela qual a banda passou, começando como uma banda muito barulhenta de rock, passando para um som mais experimental, porém cru, para então acrescentar elementos de música eletrônica, sem nunca deixar de lado suas raízes noise, a agressividade e a ruidosidade de seus álbuns.

Aqui, além de passarmos por todas essas épocas, somos apresentados também às suas músicas mais acessíveis, pois se tratam de canções mais "audíveis", já que boa parte de seus álbuns são só barulho mesmo.

E também há covers! Sim, temos o famoso cover de "Monkey Man", mas infelizmente não há o cover de Queen, o que é uma falha, mas pode ser que ele tenha sido gravado antes de 2000, então faz sentido não incluí-lo aqui.

Enfim, Melt-Banana, apesar de não apresentar canções inéditas, continua surpreendendo, mantendo nossos ouvidos limpos e saudáveis para a agressividade e a barulheira do noise rock.

4 pontos

Dica musical: "Tell Me I'm Pretty" do Cage The Elephant (2015)

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Cage The Elephant é uma banda que alcançou um sucesso estrondoso já logo com o primeiro álbum, mas eu só fui conhecê-los no segundo, que é considerado por alguns (eu inclusive) como o melhor álbum deles, tocado em muitas rádios pelo mundo afora. No entanto, mesmo com todo esse sucesso, a banda, ao contrário de outros grandes nomes do rock da mesma geração, conseguiu se manter fiel ao seu som, altamente reforçado por suas apresentações ao vivo explosivas, mesmo com leves mudanças na sonoridade que podem ser entendidas como evoluções, de verdade.

Mas para falarmos de "Tell Me I'm Pretty" é preciso entender dois pontos: Dan Auerbach e a necessidade deste álbum (ou falta).

Dan Auerbach, vocalista e guitarrista do duo de blues/rock The Black Keys é o produtor deste álbum. Este ano ele lançou um álbum mais ou menos de seu novo projeto e fiquei com medo das influências que ele traria para este CD, mas me enganei. Ele não trouxe uma carga forte de eletrofunk com aquelas batidas cansadas de seu novo trabalho, mas trouxe grandes influências que ele usou em seus anos de The Black Keys.

É notável a presença de Dan Auerbach em muitas músicas deste álbum, principalmente na segunda metade, fazendo o Cage The Elephant perder um pouco da sua intensidade.

E aí chegamos a necessidade deste álbum, ou melhor, a falta de necessidade deste álbum.

"Melophobia", o terceiro álbum da banda foi lançado em 2013, completou 2 anos em outubro e suas músicas ainda estão frescas na memória de todo fã. Não havia a necessidade de 10 novas músicas e ao final de todo o álbum você fica com a sensação de que "Tell me I'm pretty" se sairia bem melhor como um EP. Sem contar que estamos no final do ano e já estamos de saco cheio de ouvir tantos CD's mais ou menos ao longo do ano.

Mas falemos da primeira metade, que vale muito a pena: "Tell me I'm Pretty" é muito bem sucedido logo nas primeiras músicas, com influências que vão de Black Sabbath e Nirvana até o blues e um pouco de pop, podendo até ser considerado um "'Melophobia' 2.0".

A maioria das músicas são bem agitadas, com riffs de guitarra  cheios de efeito e apesar dos efeitos nos vocais serem influências diretas de Auerbach acabam funcionando bem e não incomodam. As letras são outro ponto positivo nesta primeira metade, por que são muito boas, criando narrativas diretas e alguns trechos muito poéticos.

Já na segunda metade, há a repetição de muitos efeitos, as letras se tornam um pouco menos elaboradas e a banda perde fôlego, gerando aquele sentimento de que isso tinha que ser um EP mesmo.

Enfim, "Tell me I'm pretty" é um CD com grande potencial, mostrando que Cage The Elephant ainda está com tudo, mas é bom torcermos para eles não se acostumarem aos elogios e continuem buscando novos caminhos, sendo fiéis a sua sonoridade e atitude rock n' roll.

3 pontos e meio

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Dica musical: "Niños Heroes" do Negro Leo (2015)

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Outro bom CD lançado em setembro, mas que só agora eu descobri.

Negro Leo é um artista brasileiro de... noise... sim, esse rótulo é o que melhor se encaixa na música dele.

No entanto, não é um noise derivado do rock, como o da excelentíssima banda Melt Banana, é um noise que pega influências de gêneros dificilmente associados com o noise: samba e jazz, com uma grande confluência de sons tradicionais africanos e uma pitadinha de rock, só pra dar aquele choque gostoso. A mistura, é chamada na página da bandcamp oficial do projeto, em determinado momento, de afronoise, o que não é um rótulo errado.

Mas, além de rótulos, além dos barulhos presentes em todo o trabalho, é importante salientar as letras, tão recheadas de significados que acabam indo parar no outro espectro, acabam soando sem nexo ou lançadas ao relento, sem ordem ou propósito.

O resultado, é uma barulheira perturbadora, mas que acaba sendo gostosa para ouvidos acostumados ao gênero (noise) e suas bandas barulhentas e, de quebra, ainda podemos nos intrigar com as letras de Negro Leo, tentando achar algum sentido em toda aquela confusão.

3 pontos

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Dica musical: "North Carolina Shepherd Dog" de Mugen Hoso (2015)

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Não se deixe enganar pela capa do mais novo CD dessa banda japonesa de rock n' roll. Este é um dos melhores álbuns de rock do ano, sem dúvida.

Há quem diga que o rock morreu, mas para esses, não resta nada além da cova, pois, provavelmente, são pessoas que não conhecem a face boa da internet. Do lado ocidental do planeta, o rock, de fato, está cada vez mais encolhida e resumido a dinossauros em palcos, chamando a atenção da grande mídia para seus escândalos sem fim, mas do lado oriental, o rock nunca deixou de existir e nunca foi tido como "modinha", gerando excelentes bandas até hoje.

Mugen Hoso não é uma banda originada agora, pois estão ativos desde os anos 90, mas nesse álbum eles conseguiram conter, em 7 músicas, tudo que você poderia exigir de uma banda de rock: canções sobre sexo, drogas (bebidas) e rock n' roll, uma certa desolação moral, uma pitada leve de niilismo, uma atitude "foda-se" para a sociedade, os críticos e o próprio mundo musical no qual estão inseridos e, para os velhos, uma pitada nostálgica em relação às bandas antigas.

Em "North Carolina Shepherd Dog" já somos recebidas com a canção single desse CD, com uma alta dose de humor, entre latidos ofegantes, a banda apresenta um rock n' roll cru e muito bem ritmado. Logo somos apresentados a canção mais lenta, mas não menos interessante e a partir dai, mais rock n' roll puro, com singles a-lá B.B.King, com fortes influências do blues rock dos Rolling Stones e aquelas bandas mais antigas como Steppenwolf.

Há ainda uma canção acústica, mais curta e feita só de brincadeira mesmo, mas ainda assim é uma das melhores do álbum, mostrando que mesmo quando eles não querem, conseguem ser bons e animadores, dando um sopro de vida ao gênero musical mais amado e diversificado da face da Terra.

Enfim, escutem esse CD, por que vale muito a pena. Se há um CD recomendado aqui neste mês que vale muito a pena é este.

Escute!

4 pontos e meio

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

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Só agora descubro essa ótima pérola lançada em Fevereiro.

Jordannah Elizabeth é uma cantora de soul music e folk dos EUA e em Fevereiro desse ano lançou esse ótimo trabalho chamado "A Rush".

O álbum começa invocando a memória dos assassinatos de jovens negros por policiais dos EUA, servindo também como uma breve homenagem na música "A prayer for black America", seguindo a onda de muitos outros artistas negros que decidiram se envolver mais com essa causa, uma tendência que só tende a aumentar entre os músicos negros.

Mas à partir daí, o álbum dá uma guinada para a música eletrônica, sendo inserido aqui um remix de uma música pré-gravada por ela, mas que não entrou, em sua forma orgânica e original, no álbum, mostrando que ela pode ser uma artista que cultua ídolos antigos de décadas passadas, mas ainda é uma "millenial", que curte música eletrônica e cresceu ouvindo canções pop no rádio.

Então, esses mundos se misturam em canções de jazz, com seu vocal forte marcando todo o CD, sem esquecer as influências eletrônicas, criando uma espécie nova de som, extremamente original e muito boa de se ouvir.

No entanto, toda esse beleza é perdida na segunda metade do álbum, quando Jordannah Elizabeth decide adotar um som mais orgânico, porém extremamente puxada para o folk e o blues, não conseguindo ser bem sucedida nessa missão, de trazer o folk e o blues para os ouvidos do ´seculo 21, constituindo as canções mais chatas do álbum.

Enfim, "A Rush" é um bom álbum, diria até ótimo, pela sua ousadia, mas falha miserável ao não se estabelecer em um gênero, querendo ser ousado demais para tempos tão incertos.

3 pontos

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Dica musical: "Right on!" de Jennylee

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"Jennylee" é o nome pelo qual Jenny Lee Lindberg, baixista da banda Warpaint decidiu lançar seu primeiro projeto solo.

"Right on!" é um álbum que segue a sonoridade apresentada ao mundo pelo Warpaint, mas sem cair no uso excessivo de camadas eletrônicas como foi o caso do último CD, aproximando-se mais do primeiro trabalho da banda.

Sendo a Jenny Lee uma baixista era de se esperar que este álbum tivesse uma presença forte do instrumento e esse é o ponto mais alto dele, pois o baixo é, de fato, marcante, sobrepondo-se sobre todos os elementos, mas ela soube dar espaço para a guitarra, a bateria e há a influência de música eletrônica ao longo de todo o disco.

Os vocais dela, que também acabam se tornando um ponto central nas músicas, já que ela canta, lembram muito os do Warpaint, na qual ela atuava nos backing-vocals, sendo muito melancólicos e arrastados, mas nada que prejudique de verdade, afinal, toda a atmosfera do álbum é meio melancólica.

No entanto, não deixa de ter ritmo, empurrado pelo baixo marcante, tendo muitos exemplos de músicas dançantes, embora tenham uma sonoridade puxada para o ambient.

Enfim, o primeiro álbum solo de Jenny Lee acaba passando como um bom álbum, não chega a ser tão impactante como o primeiro álbum do Warpaint, provavelmente por que um álbum como o primeiro do Warpaint basta um, mas é legal ver ela seguir por esse novo caminho, dando atenção ao seu instrumento de preferência, que precisa sim de mais representação, já que é possível fazer muita coisa legal tendo como referência o baixo e não só a guitarra, como é mais comum no mundo do rock.

3 pontos

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Dica musical: "A new place 2 drown" de Archy Marshall (2015)

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CD novo saindo hoje do Archy Marshall, o nome por trás do King Krule, que lançou um dos melhores cd's de 2013: "6 feet beneath the moon".

"A new place 2 drown" é o seu mais novo projeto, que consiste em 3 facetas diferentes: um CD, um livro e um curta-metragem, que você pode assistir aqui.

Cabe aqui um esclarecimento, Archy Marshall é um artista multifacetado que tem pouco mais de 20 anos, então ele tem muito a aprender e a crescer ainda. Seu primeiro álbum "6 feet beneath the moon" foi lançado sob o pseudônimo King Krule e é, majoritariamente, um álbum de neo-soul, mas reúne influências do funk, R&B, rap e até rock. É um projeto criado para ser tocado ao vivo, com seus amigos e familiares no palco, ao lado dele. Um projeto para ser apresentado com uma banda.

No entanto, não foi sua primeira aventura musical, desde 2010 ele já havia lançado suas canções na internet através do pseudônimo de Zoo Kid, pelo qual ele ficou conhecida na musical londrina e acabou sendo chamado para gravar um CD para a gravadora XL, a mesma do The Horrors.

No entanto, o garoto não é um purista musical, do tipo que se atém só a um estilo e depois de lançar "6 feet beneath the moon", ele lançou um álbum/mixtape/demo de rap/hip hop com seus amigos. E entre tudo isso, ele sempre manteve o seu pseudônimo "DJJDSPORTS" atualizado (sua última música postada no soundcloud data de um mês atrás só) e trata-se do nome pelo qual ele lança suas batidas, no melhor estilo J Dilla, mas com grandes influências da musica eletrônica ambient.

Enfim, ele é como um Tarantino, que constrói um extenso painel juntando retalhos de tudo que ele gosta e admira, o suficiente para chamar a minha atenção e se tornar um dos meus artistas favoritos.

Mas vamos a esse álbum, como ele não é um álbum do King Krule, acaba sendo um álbum diferente do que eu esperava (como fã primeiramente do King Krule). É um álbum de neo-soul, com muitas influências na música eletrônica, principalmente ambient e house, lembrando um pouco o som do James Blake.

Há também influências de música eletrônica minimalista em uma ou outra canção, mas o que mais incomoda, ao menos para mim, é o estilo meio noise, que aqui, se resume a várias camadas de diversas batidas e sons sobrepostos de forma caótica e, em algumas canções, confusa de verdade.

Mas não é um álbum ruim. As letras são mais poéticas, um pouco menos introvertidas, voltadas mais para o lado artístico mesmo, então são, de modo geral, melhores que em "6 feet beneath the moon", mais trabalhadas, se completando com o livro, que contém as letras, além de ilustrações feitas pelo irmão de Archy, Jack Marshall e fotos. É interessante notar que algumas fotos e ilustrações são sobrepostas com diversas frases de forma caótica e nas canções, equivalentes àquela página, há passagens de diversas vozes sobrepostas de formas a não serem inteligíveis, mostrando a conexão entre todos as mídias do projeto.

E as canções em si, não são de todo ruins. Muitas deles são boas de verdade, apesar de todos os pontos fracos, mas conseguem se destacar e se sobrepor ao barulho, a confusão. A atmosfera criada também é muito boa, melancólica e invernal como "6 feet beneath the moon" era.

De fato, o que mais fez falta para mim, foi um som mais orgânico, menos eletrônico, apesar de conter uma guitarra ou outra, eles não se destacam e a música é, em sua maioria esmagadora, puramente eletrônica; e também um som mais funk, como "Lizard State" e no estilo das últimas músicas que foram reveladas, filmadas em shows ou tocadas em shows de rádio britânicas.

Enfim, o álbum não é a pérola que eu esperava, mas também não é um CD do King Krule. Há alguns meses, Archy revelou que estava trabalhando em um projeto para um futuro próximo e num próximo CD do King Krule para o ano que vem, talvez, então as esperanças para o ano que vem continuam altas e enquanto isso, conhecemos mais uma faceta de Archy, a sua mais artística e ousada.

3 pontos e meio