quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Dica musical: "A new place 2 drown" de Archy Marshall (2015)

archymarshallart

CD novo saindo hoje do Archy Marshall, o nome por trás do King Krule, que lançou um dos melhores cd's de 2013: "6 feet beneath the moon".

"A new place 2 drown" é o seu mais novo projeto, que consiste em 3 facetas diferentes: um CD, um livro e um curta-metragem, que você pode assistir aqui.

Cabe aqui um esclarecimento, Archy Marshall é um artista multifacetado que tem pouco mais de 20 anos, então ele tem muito a aprender e a crescer ainda. Seu primeiro álbum "6 feet beneath the moon" foi lançado sob o pseudônimo King Krule e é, majoritariamente, um álbum de neo-soul, mas reúne influências do funk, R&B, rap e até rock. É um projeto criado para ser tocado ao vivo, com seus amigos e familiares no palco, ao lado dele. Um projeto para ser apresentado com uma banda.

No entanto, não foi sua primeira aventura musical, desde 2010 ele já havia lançado suas canções na internet através do pseudônimo de Zoo Kid, pelo qual ele ficou conhecida na musical londrina e acabou sendo chamado para gravar um CD para a gravadora XL, a mesma do The Horrors.

No entanto, o garoto não é um purista musical, do tipo que se atém só a um estilo e depois de lançar "6 feet beneath the moon", ele lançou um álbum/mixtape/demo de rap/hip hop com seus amigos. E entre tudo isso, ele sempre manteve o seu pseudônimo "DJJDSPORTS" atualizado (sua última música postada no soundcloud data de um mês atrás só) e trata-se do nome pelo qual ele lança suas batidas, no melhor estilo J Dilla, mas com grandes influências da musica eletrônica ambient.

Enfim, ele é como um Tarantino, que constrói um extenso painel juntando retalhos de tudo que ele gosta e admira, o suficiente para chamar a minha atenção e se tornar um dos meus artistas favoritos.

Mas vamos a esse álbum, como ele não é um álbum do King Krule, acaba sendo um álbum diferente do que eu esperava (como fã primeiramente do King Krule). É um álbum de neo-soul, com muitas influências na música eletrônica, principalmente ambient e house, lembrando um pouco o som do James Blake.

Há também influências de música eletrônica minimalista em uma ou outra canção, mas o que mais incomoda, ao menos para mim, é o estilo meio noise, que aqui, se resume a várias camadas de diversas batidas e sons sobrepostos de forma caótica e, em algumas canções, confusa de verdade.

Mas não é um álbum ruim. As letras são mais poéticas, um pouco menos introvertidas, voltadas mais para o lado artístico mesmo, então são, de modo geral, melhores que em "6 feet beneath the moon", mais trabalhadas, se completando com o livro, que contém as letras, além de ilustrações feitas pelo irmão de Archy, Jack Marshall e fotos. É interessante notar que algumas fotos e ilustrações são sobrepostas com diversas frases de forma caótica e nas canções, equivalentes àquela página, há passagens de diversas vozes sobrepostas de formas a não serem inteligíveis, mostrando a conexão entre todos as mídias do projeto.

E as canções em si, não são de todo ruins. Muitas deles são boas de verdade, apesar de todos os pontos fracos, mas conseguem se destacar e se sobrepor ao barulho, a confusão. A atmosfera criada também é muito boa, melancólica e invernal como "6 feet beneath the moon" era.

De fato, o que mais fez falta para mim, foi um som mais orgânico, menos eletrônico, apesar de conter uma guitarra ou outra, eles não se destacam e a música é, em sua maioria esmagadora, puramente eletrônica; e também um som mais funk, como "Lizard State" e no estilo das últimas músicas que foram reveladas, filmadas em shows ou tocadas em shows de rádio britânicas.

Enfim, o álbum não é a pérola que eu esperava, mas também não é um CD do King Krule. Há alguns meses, Archy revelou que estava trabalhando em um projeto para um futuro próximo e num próximo CD do King Krule para o ano que vem, talvez, então as esperanças para o ano que vem continuam altas e enquanto isso, conhecemos mais uma faceta de Archy, a sua mais artística e ousada.

3 pontos e meio