quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Dica Gamística: "Metroid: Samus Returns" (2017)

metroid-samus-returns-pack-shot

Mais um que entra pra lista de “games que não terminei”, junto com o ancião Bravely Default, num post que discutirá, entre outras coisas, a dificuldade dos games e porque os games de hoje são mais difíceis que os games de antigamente.

“Metroid: Samus Returns” é o remake do extremamente famoso “Metroid: The Returno f Samus”, o segundo jogo da franquia, que nunca foi muito bem de vendas, mas tem uma base de fãs muito fiel e que não deixa a Nintendo esquecer de Samus Aran, a protagonista do game e uma das primeiras protagonistas femininas da história dos vídeo-games, se não a primeira.

No game, encarnamos o papel de Samus, obviamente, numa missão ao planeta SR388 depois que uma equipe inteira da Federação Galática foi dizimada por lá, ficando a cargo da caçadora de recompensas terminar de exterminar a raça de alienígenas conhecida como Metroid, que representam um perigo potencial para todo a galáxia, pelo seu potencial de energia destrutiva.

Tudo isso é introduzido numa abertura sem animações, mas com efeitos 3D magníficos e então é tiro, contra-ataque e bomba o resto do jogo. Praticamente não há história, como no original, mas há exploração num ambiente de plataforma e muita ação para satisfazer a vontade de um jogo de tiro em 3ª pessoa num ambiente plataforma dos fãs antigos da série, coisa que eu nunca fui, mas sempre nutri uma admiração muito grande por Metroid pela sua história, estética e até mesmo a jogabilidade, que é difícil.

E esse é o motivo pelo qual não terminei o jogo ainda, ele é difícil, mas de verdade e não difícil estilo Cuphead, cuja dificuldade é quase acidental. A dificuldade em Metroid é proposital, tanto que chega a ser cansativo, principalmente quando os chefes são espécies alienígenas que não mudam muito, então você pega rapidamente o jeito de derrota-los.

No entanto, mesmo os chefes mais difíceis, como o Diggernaut (que aparece 2 vezes apenas no jogo, em lutas diabólicas de tão difíceis!) carregam em si uma recompensa muito grande e ao final de cada luta você realmente se sente satisfeito e com aquela sensação de dever cumprido, seja pelo desbloqueio de um novo local para explorar ou pela conquista de uma novo upgrade para a sua armadura. Não é como Cuphead, em que você derrota um chefe, não ganha nada por isso e tem que correr pra enfrentar outro chefe tão irritante quanto o último, ganhando créditos entre os gamers apenas por uma falsa nostalgia de que os jogos antigos eram mais difíceis que os atuais.

E nesse ponto devo fazer uma digressão, pois os jogos de hoje não são mais fáceis que os jogos antigos. Na verdade eles são muito mais difíceis, nós é que nos tornamos bons demais em jogos de videogame. Não tem como comparar um jogo de SNES, que tinha 10 botões para serem pressionados, mas pouca variabilidade de funções entre eles com um jogo atual, que utiliza 14 botões com ainda mais funções a serem utilizadas. Jogos atuais podem até não apresentar o mesmo número de repetições ou fases extremamente complicadas, mas exigem muito mais funções do que os jogos antigos, tome como exemplo um jogo como Uncharted, cuja principal função é ser um jogo de exploração e tiro (e na maior parte é só isso mesmo), mas que apresenta missões onde você deve fugir de vilões pilotando um jipe e momentos cuja progressão se dá através da resolução de enigmas.

Você já parou pra pensar na quantidade de habilidades que você deve dominar para poder vencer um jogo desses?

Jogos atuais vão muito mais além do que simplesmente andar pra frente atirando sem parar, é muito mais do que um jogo do Mario fazia, apresentam enigmas muito mais complicados do que qualquer jogo do Zelda das gerações pré-Gamecube apresentam, até mesmo os jogos de corrida e de esportes (tão menosprezados pela comunidade gamer) apresentam funções muito mais complicadas do que qualquer Enduro ou Winning Eleven alguma vez sonhou em executar. Cara, os jogos hoje em dia captam a pressão que os seus dedos exercem sobre os botões, não tem como um jogo pré-2000 ser mais difícil do que um jogo desses.

Só que nós não percebemos isso, porque os jogos tem checkpoints demais, porque os jogos não frustram tanto quanto antigamente, porque você não passa mais horas numa mesma missão. No entanto, num mesmo jogo você atira, você resolve enigmas, você pilota carros e aviões, exercitando quase todas as áreas do seu cérebro ao mesmo tempo! Coloca o seu pai pra jogar um Mario e depois pra jogar um Uncharted da vida e quero ver qual que ele vai achar mais difícil.

E em Metroid podemos ver muito bem isso, pois muitas funções exigem mais de um botão para funcionar, como a mira, a utilização de mísseis mais potentes e até a função de localização. “Metroid: Samus Returns” de 2017 é infinitamente mais difícil do que o seu original e do que qualquer jogo que tenha sido criado nos anos 90 ou antes disso.

Portanto, esqueça sua nostalgia quanto a dificuldade dos games. Ela é irracional.

E voltando ao game, além de uma dificuldade realmente alta e, acima de tudo, justificada, pois as recompensas por ter passado tanto tempo jogando são altas, “Metroid: Samus Returns” apresenta um visual de fazer inveja a qualquer filme de ficção científica dos últimos anos, com uma atmosfera que quase dá medo e uma trilha sonora sensacional, que reforça toda a atmosfera do game.

A arte também é incrível, uma utilização fantástica do 3D, que me fez jogá-lo com o 3D ligado por quase toda a sua extensão. Há momentos em que pequenos detalhes no cenário acabam te revelando (ou te preparando para) as lutas contra os chefes a seguir. É um cuidado digno de nota e é surpreendente que a Nintendo tenha conseguido manter esse jogo tanto tempo em segredo.

Em suma, “Metroid: Samus Returns” é, de fato, um dos melhores jogos do ano, quiçá da década, cumprindo aquilo que promete e suprindo uma demanda muito grande do mercado  e com pouco, na verdade, porque o jogo nem é tão longo assim, o que é ainda mais surpreendente.

5 pontos

p.s.: não terminei o jogo ainda, porque estou muito ocupado com as coisas da faculdade o jogo repete muitos chefes mesmo e isso é enjoativo, mas como disse, é satisfatório e sempre acabo voltando para ele num momento ou outro, o problema é que pare agora num momento em que havia pego todos os metroids, mas acabaram aparecendo mais 8 extras, do tipo mais simples e não estou com saco de enfrentá-los de novo, por isso parei com o jogo, mas é provável que volte pra ele no futuro. Assim como sempre volto a jogar Bravely Default e nunca consigo passar da chefe final.