domingo, 31 de dezembro de 2017

Melhores do ano de 2017!

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E enfim chegou aquele momento aconchegante do final do ano, aquele momento em que iremos atravessar todas as dicas que rolaram no blog esse ano e finalmente dizer o que vale ou não vale a pena, aquilo que irá durar para os próximos anos, separar o joio do trigo.

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Pra começar o post bem vamos falar de filmes, 2017 foi um ótimo ano para filmes, principalmente se você mora no Brasil, pois muitos filmes excelentes do ano passado estrelaram esse ano por aqui, o primeiro deles é “La La Land”, um musical como poucos, belíssimo e que traz uma grandiosa mensagem, além da excelente trilha sonora e os debates musicais que te fazem repensar a forma como consumimos música de uma maneira geral.

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E o ano foi excelente para os filmes de guerra, pois “Até o último homem” foi apenas o primeiro de uma ampla lista de filmes de guerra que saíram esse ano, mas apenas este e mais um conseguiram chegar ao topo de melhores filmes do ano. Nesta obra fantástica, baseada em fatos reais, encontramos a história de um homem que entrou para o exército e sem pegar arma alguma se tornou um dos maiores heróis de guerra que os EUA já viram. É uma obra de tirar o fôlego, seguindo uma narrativa tradicional, porém extremamente efetiva e o trato que a obra sofreu de seus criadores apenas reforça sua efetividade. Me faltam adjetivos para elogiar essa brilhante obra de arte arrebatadora.

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Depois foi a vez de “Silêncio” arrebatar os cinemas com sua magnífica demonstração dos perengues que os jesuítas passaram no Japão, adaptando uma obra literária que eu não li, mas o filme se sai muito bem ao debater temas pesados envolvendo religião e cultura, duas coisas que podem parecer estarem interconectadas, mas não se dão bem se as duas estiverem muito bem consolidadas, baseadas em pontos que se contradizem. O choque seria inevitável.

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Além disso tivemos “Koe no Katachi”, que passou em alguns festivais e teve o seu torrent liberado, finalmente, em excelente qualidade! O filme baseado no melhor mangá do século até agora se tornou o melhor filme em animação da década até agora, com sua animação fluida, natural, acompanhando o traço característico da autora, a trilha sonora fenomenal, as adaptações feitas na medida pra tornar o filme perfeito. São duas horas que passam num minuto, pois a obra é, simplesmente, sensacional!

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Prosseguindo, tivemos ainda o esplendoroso retorno de Nolan a boa forma com “Dunkirk”. Sempre achei que Nolan se desse melhor com obras mais pé no chão e um filme sobre a II Guerra Mundial não poderia ser diferente, é uma obra concisa, estarrecedora e, acima de tudo, criativa. Ainda que tenha sido baseada numa batalha amplamente documentada, Nolan abre espaço nela para que sua criatividade aflore e expande as linhas espaço-temporais criando uma obra ousada, poderosa e sensacional.

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Mais um filme que não foi lançado esse ano, mas chegou aos brasileiros apenas em 2017 é o excelente documentário "The Red Pill", ou como eu gosto de chamar, o melhor documentário feito neste milênio até então. Dirigido por uma feminista, o documentário mostra o outro lado da moeda, aqueles que lutam pela igualdade de gênero a partir de uma perspectiva masculina, buscando direitos iguais num divórcio, uma representação positiva de homens e seus papéis sociais em toda forma de mídia e uma nova forma de se enxergar a masculinidade, sem preconceitos e com voz para todos. É um excelente documentário, uma obra verdadeiramente poderosa e que não só merece ser assistida, mas deve ser assistida.

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E para encerrar com chave de ouro minha lista de melhores filmes do ano temos ainda “Blade Runner: 2049”. Ainda não pude reassistir o filme para poder criar uma opinião mais embasada, porém acho que o que fizeram com esse filme é algo que não vimos há décadas e dificilmente veremos por décadas. A união entre cinema de arte e blockbuster nunca alcançou um patamar tão alto de perfeição, uma união tão simétrica e consistente.

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E se por um lado o ano foi excelente para os filmes, o mesmo não pode ser dito do mundo da música, pois poucos CD’s foram realmente bons esse ano. Demorou a surgir algo que realmente chamasse a atenção, então até mesmo uma apresentação ao vivo para a BBC do Self-Defense Family se destaca. A apresentação, que consiste de apenas 4 músicas, foi transmitida ao vivo e passou anos vagando por entre os sites de download em qualidade baixa para os fãs dessa prolífica banda estadunidense, mas esse foi finalmente liberada, em ótima qualidade e nos mostra uma fase muito boa da banda, quando eles haviam mudado de nome há pouco tempo e estavam com a criatividade transbordando, numa apresentação visceral e apesar de, diz a lenda, ter sido feita às pressas, soa complexamente dinâmico.

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Tyler, the Creator foi o responsável por lançar o melhor álbum de rap do ano, com o seu “Scumfuck Flower Boy”, uma obra genuinamente artística, mostrando um Tyler muito mais maduro como artista, densamente elaborada, cheio de instrumentais deliciosos e fantásticos, é o álbum mais gay do ano, porém é uma obra maravilhosamente cativante.

 

 

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E após 8 anos tivemos o lançamento de “Science Fiction” do Brand New. Oito anos de espera poderiam levar a um enorme desapontamento, mas este não foi o caso, pois o Brand New sabe o que faz e faz muito bem. O CD é complexo, amplo, denso e sombrio, porém não deixa de ser instigante, curioso e brilhante. A produção é a melhor de todos os álbuns do Brand New, as letras obscuras compreendem uma ampla variedade de temas que vão de questionamentos acerca da nossa realidade até intolerância e aquecimento global, tudo motivado por uma história como pano de fundo de uma paciente num hospital psiquiátrico. Não é um álbum fácil de escutar, mas vale a pena cada segundo, além de ser uma genuína obra de rock como há muitos anos não tínhamos.

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Ainda tivemos o lançamento de um álbum especial do The Early November, o CD acústico "Fifiteen Years", com versões apenas no violão das músicas mais famosas dessa fantástica banda que está em atividade há, incríveis 15 anos!

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E pra terminar com chave de ouro também as melhores dicas musicais do ano temos o tão aguardado e hypado álbum do King Krule, que nos apresenta o mundo todo único de “The OOZ”. Denso, intrigante e brilhante, este álbum não decepcionou, nem mesmo com suas 19 músicas, muitas já vazadas por aí, mas que, em estúdio, tomadas pela elaborada produção do álbum, se tornam verdadeiros diamantes para os nossos ouvidos apreciarem.

Este também foi um ano de muitas descobertas para mim, descobri que não gosto de rock, descobri que não gosto de anime e descobri Faulkner, que se tornou uma obsessão de leitura para mim, algo que desde Salinger não sentia e The Wild Palms foi um dos melhores livros que li esse ano, além de ter assistido toda a filmografia do Truffaut.

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Mais para o final do ano, li o excelente "A queda" de Diogo Mainardi e que agradável surpresa. Não esperava que o intelectual jornalista pudesse ser capaz de trazer à tona tantos sentimentos com um livrinho tão pequeno. É um dos melhores livros que li esse ano, mas é também um dos melhores livros que li na vida, com certeza e tenho que agradecer às aulas de Psicologia da Educação, por ter me proporcionado a leitura dessa obra fantástica.

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Confissões de Santo Agostinho completam o trio de melhores livros que li esse ano, sendo uma magnífica obra de memórias, que carrega diversos ensinamentos para os que buscam uma vida religiosa sólida e forte.

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Finalmente pude terminar a leitura de “Sunny” esse ano e não me arrependo do dinheirão que gastei com a obra, foi muito bem investido. Singelo e poderoso, é uma dessas raras obras que conseguem captar um recorte da vida com maestria, desde a superfície até a sua essência.

Não assisti a muitos animes, embora "Koe no Katachi" valha como um, o melhor anime desse ano foi, na verdade um curta: Blade Runner 2022. Também não assisti muitas séries, infelizmente. Esse foi um ano bem cansativo, mas ano que vem, com certeza, será melhor. Pra começar, é ano de copa! Depois tem novo CD do La Dispute, dizem os boatos e novo filme do Linklater.

De qualquer forma, este é o último post do ano, boas festas e um abençoado ano novo pra você e tua família!

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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Dica literária: "A queda: as memórias de um pai em 424 passos" (2012)

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Hoje mais uma dica literária e, dessa vez, brasileira!

“A queda: as memórias de um pai em 424 passos” é um livro publicado pela primeira vez em 2012 e relata a trajetória de Diogo Mainardi, ex-colunista da Veja e fundador do excelente “O Antagonista”, o melhor site para acompanhar notícias política do país, atualmente, com o seu primeiro filho, que, por culpa de um acidente médico, desenvolveu uma deficiência que o tornava incapaz de explorar todo o seu potencial senso-motor e linguístico.

É um livro de memórias, mas não é um livro de memórias comum, pois Diogo Mainardi não é um ser humano comum. Diogo Mainardi é um intelectual e um intelectual de verdade, muito apegado ao mundo racional, à história e à política, claro. E é criando conexões com tudo isso que ele nos apresenta a história de seu filho, pois para Mainardi (assim como para todo historiador sério) a história é cíclica, sendo assim cada mínimo detalhe da vida do filho está conectado com algum fato antigo, algum escultor, algum movimento artístico, um ícone da arquitetura, um cientista ou alguma ideia.

Apenas este aspecto já faria deste um ótimo livro, mas é a honestidade da narração de Mainardi que faz com ele seja um livro excelente.

Mainardi narra sem sentimentalismos tudo o que pensava antes do filho nascer e como se deu sua mudança e como passou a se dedicar mais à família. Ele descobriu algo que poucas pessoas descobrem, mas que, quando descobrem, mudam completamente.

Tive que ler o livro para a aula de “Psicologia da Educação” e tive uma agradável surpresa e espero que você tenha também, embora eu já tenha dito que é um excelente livro, ainda acho que irá conseguir se surpreender com ele.

5 pontos

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Dica literária: "O Sono Eterno" (1939)

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Faz tempo que tinha esse livro guardado na minha estante pra começar a ler e quando comecei percebi que já tinha esquecido o quão agradável são as tramas policiais de Raymond Chandler.

“O Sono Eterno” é o primeiro livro de Raymond Chandler e também o primeiro a nos apresentar Philip Marlowe, o influente detetive particular dos anos 20, que por 20 dólares por dia mais despesas fazia de tudo um pouco para resolver qualquer caso, inclusive entrar na zona cinzenta do crime. Nesta obra, Phillip Marlowe é chamado por um rico general aposentado para lidar com um caso de chantagem. O velho tem duas filhas problemáticas, uma delas casada com um ex-traficante de bebidas que desapareceu e, pode ou não, estar relacionado com o caso e a outra acabamos descobrindo ser o cerne da chantagem. Num emaranhada rede que conecta figurões do crime com sensuais louras, conhecemos uma pequena parcela de Hollywood, mas bastante da personalidade sagaz de Marlowe.

Por ser o primeiro livro de Chandler é também um livro mais simples, com uma narrativa bem linear, seguindo passo a passo Marlowe em busca de respostas, que vão aparecendo facilmente, mas não de maneira coincidente. A obra é bem concisa, sendo uma obra de ficção policial muito bem feita.

Não à toa, foi adaptada para um filme estrelado por Humphrey Bogart.

Raymond Chandler, porém, sabia das limitações de seu livro. Era um bom livro, mas não era nada além disso. Chandler sabia que tinha que começar por baixo, testar mesmo suas capacidades como autor para fazer algo maior e mais elaborado, que foi culminar com o clássico “O Longo Adeus”.

Enfim, “O Sono Eterno” é um ótimo livro para quem gosta de cinema policial noir e, principalmente, histórias policiais.

3 pontos e meio

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

A metodologia do diálogo

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O Sommelier de Tudo não poderia deixar passar em branco essa data tão querida sem um post especial de natal, mas ao invés de fazer uma dica qualquer, o post de hoje será sobre uma descoberta que fiz esses dias e que alargou o horizonte do meu olhar: a metodologia do diálogo.

A metodologia do diálogo já é um nome bem explícito, mas para deixar claro é a forma de se levar o diálogo como um método lógico e prático, pronto para ser posto em prática no nosso dia a dia e se resume, basicamente, em 3 pontos:

- Escutar

- Internalizar

- Responder

É nesses 3 pilares que a metodologia do diálogo se afirma, necessariamente nessa ordem, onde um leva ao outro, mas nem todos precisam ser postos em prática.

Fica mais fácil de entender através de um exemplo, então lá vai:

Imagine que você está envolvido num trabalho (pode ser escolar, da faculdade ou uma missão do trabalho) com outra pessoa e essa pessoa discorda de você num ponto. A metodologia do diálogo nos guia nesse caminho e nos faz, primeiramente, escutar o que o outro tem a dizer, mas escutar de verdade, de forma que possamos internalizar o que ele nos disse. Nesse segundo ponto, podemos dizer ao colega que precisamos de tempo para pensar e pedimos um minuto ou talvez uns dias e só então partimos para a resposta que daremos a ele, concordando ou discordando e se não entrarmos em acordo, repetimos o processo. Seja qual for a nossa resposta, sempre será ponderada, nunca feita no calor do momento que pode ruir os relacionamentos.

De certa forma, sempre conheci a metodologia do diálogo e nos últimos anos venho tentando praticá-la diariamente, embora nem sempre com sucesso, mas apenas nesse mês fiquei conhecendo um nome para essa prática e achei válido. Gostei do que me foi apresentado e acho que é uma boa forma de passar aos outros esse ensinamento, embora a prática seja sempre a melhor forma de instrução.

Este foi o post especial de natal, espero que tenha abençoadas festas!

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quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Dica natalina: Tender

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E chegou aquela época do ano onde eu posso me esbaldar numa das minhas carnes favoritas de sempre, o Tender!

Tender, do inglês, demonstrar amor, carinho, é uma carne que, pra estranheza de muitos, não vem de uma ave, ao contrário dos tradicionais perus, frangos e chesters, muito pelo contrário, ele vem do porco.

O Tender nada mais é do que um pernil de porco, desossado, defumado e pré-cozido. Com seu sabor temperado e textura macia é uma carne que não pode faltar nos jantares de final de ano da minha família e nem é porque eles gostam, é porque eu gosto muito mesmo e compro só pro pessoal fazer e eu poder comer um pouco.

Gosto tanto de Tender que poderia comer o ano inteiro. Se bem que eu acho que isso acontece, porque eu não posso comê-lo o ano todo, já que não se encontra nos mercados para vender assim, à toa, então acabo achando que poderia comê-lo o ano todo, mas na verdade, não poderia, eu enjoaria rápido.

De qualquer forma, é uma carne suculenta, saborosa, salgada e macia, que pode ser preparada de diferentes formas, com coberturas mais doces ou mais amenas, é uma carne que sozinha já é uma beleza, com adendos então... Hummmm!!!

Enfim, a nota não poderia ser diferente.

5 pontos

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Eu não gosto de rock!

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Completando o último post e concluindo minhas divagações sobre coisas que descobri não gostar esse ano, venho apresentar esse gênero musical que eu achava gostar tanto, mas que descobri não gostar esse ano.

Comecei a ouvir rock com Gorillaz e Blur lá no início dos anos 2000 ou final dos anos 90 não lembro mais. Nem sabia o que era rock, mas curtia as guitarras rasgadas, o ritmo, os vocais e, no caso de Gorillaz, foi o que me fez descobrir meu gosto do rap também, mas muito cedo eu descobri que não gostava de rap. Anos depois descobri o indie rock e aí passei a ouvir rock, de verdade, com The Strokes, Bloc Party, Franz Ferdinand e claro Arctic Monkeys. Com isso, comecei a correr atrás das referências deles e aí descobri The Kinks, Gang of Four e uma porrada de subgêneros como o Metal e o Punk.

No entanto, conforme fui crescendo descobri que o rock é uma área muito dividida, punks não escutam indie, fãs de indie não escutam hardcore, fãs de hardcore não escutam rock progressivo, fãs de rock progressivo não escutam metal e metaleiros não escutam nada que não seja metal.

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Enfim, roqueiros não são conhecidos por serem as pessoas mais amigáveis do mundo e isso não é exagero, ainda hoje, roqueiros são meio intolerantes ou, por causa do politicamente correto e porque todo roqueiro descolado tem que ser de esquerda, são meio babacas.

É claro que há suas exceções, sou amigo de verdade de muitas e eu mesmo gosto de imaginar que eu sou uma exceção, mas assim como existem bons animes, de uma maneira geral, roqueiros não são as pessoas mais amigáveis de todas.

E justamente as bandas que eu mais curto são também as mais estigmatizadas, eu não curto rock velho, eu gosto é de coisas novas. Gosto muito de artistas do passado, mas os que eu curto mesmo e que escuto quase todo dia são as bandas que ainda estão em atividade e bandas de post-hardcore, que é um gênero difícil de definir e pode gerar sons tão diferentes como o feito pelo La Dispute e o Touché Amoré, ambas minhas bandas favoritas.

Mas alguém escuta essas bandas por aí? Acho que não e esse foi o motivo que me fez descobrir que eu não gosto de rock.

Em uma festa, uma colega levou o namorado novo que ninguém conhecia e acabei descobrindo que o cara tocava guitarra. Pensei que talvez tivesse algo pra conversar com ele e me aproximei perguntando que tipo de música ele curtia ouvir. A resposta, pra minha alegria, foi rock e aí eu perguntei quais as bandas favoritas dele, sem esperar muita coisa claro, mas a resposta foi devastadora:

“Ah, eu curto Black Sabbath, Metalica, mas principalmente Guns n’Roses. Não tem como não gostar de Guns n’ Roses, né?”

Eu concordei, mas por dentro me sentia vazio. Se há uma banda que eu odeio, essa banda se chama Guns n’Roses.

© Tom Sue Yek

E infelizmente quando conversamos com roqueiros, os caras só curtem essas bandas aí, Guns, Metalica, Black Sabbath, Beatles, Rolling Stones, que não são ruins (com exceção de Guns), mas não são as minhas bandas favoritas. Não é algo que eu escuto no meu dia a dia.

Então eu descobri que o errado nessa história toda sou eu, por esperar que roqueiros escutem as bandas que eu curto, sendo que elas representam um nicho muito pequeno do mercado do rock e ninguém as conhece, muito menos as escuta cotidianamente, assim como os animes. O erro é meu por esperar que todo anime seja um Cowboy Bebop, uma indústria que lança 50 animes diferentes a cada 3 meses simplesmente não tem como suportar que todos eles sejam um Cowboy Bebop da vida.

E dessa forma, eu encerro essa série de dois posts e vou saindo de fininho, convencido de que não curto rock, nem anime, embora ainda escute com muito gostos bandas de rock e assista felizão animes.

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Abraços e #pas.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Eu não gosto de anime!

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Recentemente descobri que não gosto de duas coisas que eu achava que faziam parte da minha vida, mas, na verdade, eu não gosto. A primeira delas é anime e a segunda é rock, mas quanto ao gênero musical, apenas um post futuro poderá esclarecer.

Antes, falemos de anime.

260px-screen_bucky_animeComecei a gostar de anime com, surpreendentemente, Bucky, um anime bem diferente sobre um garoto que anda por um mundo fantástico com uma bola rosa que explode, encontrando outras pessoas com bolas rosas, com o objetivo de transformar todo mundo em seus escravos. Uma espécie de Pokémon escravagista e militarista que deixava a minha mãe fula, porque ela tinha que me explicar, todos os dias após os episódios, o que tinha de errado naquela série. O anime era exibido no Band Kids e eu lembro que passava Dragon Ball e tinha a Record devia passar Pokémon também, mas eu curtia mesmo era o Bucky, sem saber que ele se tratava de um anime. No entanto, uma série de características que eu encontrei em outros animes nos anos seguintes me fez ficar fissurado em animes, durante o boom do Naruto e depois eu descobri a área onde me sentia mais confortável junto dos animes, o sub-gênero (ou gênero?) seinen.

No entanto, em anos recentes, após ter absorvido muito conteúdo dos animes, tentado acompanhar semanalmente novo lançamentos e tido um contato mais profundo com a cultura dos animes, descobri, esse ano, que não gosto de animes.

E você pode ver isso pelo meu top 10 de animes no My Anime List.

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Dos 10 na lista, apenas 2 são animes de fato (Ben-To e Kami-sama no Memochou), os outros 8 fogem muito dos padrões que definem os animes, que são olhos grandes, fanservice, um senso de humor “refinado” demais para os padrões ocidentais, personagens planas, ritmo frenético e trilha sonora movida a j-pop.

Ofendidos irão dizer o contrário e eu já ouvi o absurdo de que Cowboy Bebop é o anime com mais características de anime que existe, mas eu quero ver você me dizer qual anime dessa temporada carrega o mínimo de similaridades com Cowboy Bebop e por mínimo eu não quero dizer uma história sci-fi que se passa no futuro, eu quero a droga dum anime regrado a jazz, discussões filosóficas em seu âmago, uma animação desenhada a mão tão bem feita que pode ser comparada a filmes e uma narrativa tão intrincada que mesmo décadas depois os fãs ainda questionam o que aconteceu com os personagens desse anime.

1319380_english_showdetailherophone_7af6154b-d14f-e711-8175-020165574d09Isso simplesmente não existe e todos sabemos que um anime num nível de Cowboy Bebop é muito raro, tão raro que o seu criador é colocado ao lado de grandes nomes do cinema como um dos maiores gênios artísticos desse século e sempre que ele lança alguma coisa, todo mundo fica de orelha em pé, porque com certeza vai ser bom.

Mas o que mais me fez cansar de animes não foi nem a exclusividade do conteúdo que meus animes favoritos apresentam, mas é a falta de originalidade dos animes lançados todos os anos. Se não tem um Digimon/Pokémon da vida é a cópia de um, todo anime shonen é um Dragon Ball reimaginado pra um universo diferente (isso é tão verdade que em anos recentes todo personagem principal era um guloso como o Goku e quando isso virou piada nos círculos otakus, os criadores decidiram mudar, mas a fórmula tá ali, só não vê quem não quer), toda animação é computadorizada e insossa e eu nem preciso falar do fanservice, que até animes considerados “bons” exageram.

Enfim... hoje eu entendo os meus parentes mais velhos, que ou achavam anime coisa do demônio ou algo muito lamentável... realmente é, com alguns poucos diamantes a cada alguns anos, mas de uma maneira geral, é algo lamentável.

Então não assista animes, assista Cowboy Bebop, Akira, Mushishi e afins, mas fuja dos animes, porque anime, de uma maneira geral, não presta.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Dica cinematográfica: "O Deserto Vermelho" (1964)

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Este é um filme complicado. Desses que você tem que assistir no dia certo, um filme que te escolhe pra ser assistido e não o contrário.

“O Deserto Vermelho” conta a história de Giulliana, um mulher de um engenheiro que trabalha numa região industrial da Itália e mãe de Valério, um garoto que não deve passar dos 5 anos e que mudou após um acidente de carro. Acompanhamos sua trajetória paranoica e neurótica por um ambiente desolador, quase pós-apocalíptico, enquanto descobrimos a verdade de seu passado e podemos analisar as suas relações interpessoais.

Dirigido por Michelangelo Antonioni e o seu primeiro filme colorido é um desses filmes que alçou o nome do diretor como um dos definidores das características do cinema artístico moderno e é também apenas mais um na controversa cinematografia do diretor. Do ritmo lento à ausência de narrativa, o filme é o melhor exemplo do toque autoral do diretor, iniciando a obsessão dele por capturar o momento perfeito com as lentes das câmeras que usava.

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Isso gera longas tomadas em que os personagens se perdem no cenário pós-apocalíptico em que Antonioni criou para os seus personagens. Ele cria um universo próprio para que eles possam existir, mas é um universo hermético, em que só entra convidados e é por isso que eu não gostei tanto desse filme da primeira vez que assisti, mas agora eu me apaixonei e só consigo pensar nele.

Monica Vitti é a personagem principal, num dos seus papéis mais conhecidos de sua carreira e que merece a atenção, pois se destaca no filme todo. Ela simplesmente rouba cena e se torna cumpre como poucas o papel de figura central numa trama que dá tanta atenção ao mundo que a cerca.

Sem contar que é uma das mulheres mais belas que já pisou nesse planisfério mortal.

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Além desses aspectos, o filme ainda provoca longas divagações durante e após sua exibição, sem ser explicitamente político, é um filme que carrega uma intensidade política muito forte. Antonioni se exime de discutir temas políticos (direitos trabalhistas, relação do homem com o meio ambiente, economia e progresso), mas nunca os abandona, mantendo-os presentes ao longo do filme, sofrendo um tratamento sútil e maduro, o que também abre espaço para diversas interpretações, inclusive antagônicas.

Enfim, “O Deserto Vermelho” é um filme que exige preparo por parte do espectador, você não pode simplesmente acordar e começar a assisti-lo, mas se estiver disposto a encará-lo, irá tirar muita satisfação de seu conteúdo.

5 pontos

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Uma triste notícia com um triste relato.

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Venho através deste comunicado/relato, dizer que as bolachas Toddy de chocolate estilo torta, indicadas neste blog no início do ano estão, oficialmente, canceladas. A empresa Toddy® decidiu parar de fabricar as bolachas, com quase certeza de motivos econômicos por trás dessa lastimosa decisão.

Mas fazer o que, né? Eu até tentei fazer minha parte...

E na minha busca por novos cafés-da-manhã me deparei com um dos poucos produtos da seção de biscoitos que a Toddy® ainda faz, os cookies.

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Ainda não bolei nenhuma dica e nem sei se vai rolar realmente, mas o importante é que numa sexta-feira de novembro fui até o mercado pensando em comprar um pacote de cookies malhados da Toddy® para o final de semana e ryco como sou, comprei logo três pacotes, ou melhor, peguei 3 pacotes da prateleira de biscoitos, porque quando fui até o caixa rápido a mulher esqueceu de passar os 3 pacotes.

E eu percebi isso na hora, pois notei que ela estava guardando muito rápido os pacotes dentro de uma sacola e o preço no computador dela estava muito diferente do preço que eu calculei em minha mente. Quando peguei a nota fiscal em mãos, notei que, de fato, ela não tinha passado os 3 pacotes pelo leitor do código de barras e fiquei feliz com isso, afinal, ganhei 3 pacotes de cookies de graça!

Mas o castigo vem a cavalo. Quando cheguei em casa, tomei um banho, me troquei e decidi assistir um filme do Claude Chabrol, enquanto comia os cookies e uns 20 minutos depois, o filme nem havia terminado ainda, senti uma leve dor na barriga.

Pensei que era uma dor de barriga normal, que iria no banheiro dali uma meia hora e de boa, ia me livrar disso, mas não foi o que aconteceu. O tempo passou, a dor foi piorando e ficando. Jantei, tomei banho, me preparei para dormir e então não consegui pregar o olho, porque a dor estava insuportável, uma dor jamais sentida e que dificultava até mesmo a respiração. Comecei a suar e a ficar com medo de que pudesse ser algo mais sério, uma infecção alimentar ou algo do tipo e liguei para um amigo pedindo para ele me levar até um hospital.

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No final, nem fiz exame nem nada, pois a dor passou e o médico me receitou dipirona e omeprazol apenas. Remédios que eu não tinha em casa, sequer tinha um sal de frutas pra aliviar a dor, a solução era ir ao hospital mesmo. Comecei o dia feliz por ter economizado mais de 10 reais em produtos alimentícios e terminei o dia no hospital, mas apenas no dia seguinte pude conectar tudo.

Conclusão: sejam honestos, caríssimos.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Dica gourmet: Arroz Buriti

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Direto de Santa Catarina, mais uma dica culinária excelente para as refeições diárias do brasileiro comum, o arroz Buriti.

Eu sempre entrei em conflito com membros da minha família por causa do arroz que consumíamos. Eu odeio arroz grudento e, pra mim, o arroz perfeito é aquele arroz de restaurante, soltinho. O ideal é aquele arroz da propagando que saia voando a menor brisa. No entanto, por algum motivo, meus parentes não gostam de arroz soltinho e eu sempre enchia o prato com farofa pra dar uma secada no “arroz da hora” que eles faziam.

Quando mais velho decidi aprender a fazer arroz para deixa-lo soltinho, mas acabei aprendendo que fazer arroz é, na verdade, algo bem difícil. É fácil de queimar e difícil de deixa-lo soltinho e, há duas semanas (na data de escrita desta dica) eu descobri o segredo para um arroz soltinho e o segredo é uma marca (Deus abençoe o Capitalismo!): o arroz Buriti.

Feito pela Cooperativa Juriti, o arroz Buriti é descrito como um arroz do subgrupo parboilizado polido, classe longo fino, tipo 1. Não entendo nada disso, mas sei que é bom, pois o resultado ao final do preparo é sempre um arroz solto, do tipo que voa ao ser chocado pela menor brisa e que nunca fica ruim.

Acredite, eu tentei deixa-lo ruim e mesmo usando muita água ou muito óleo, ele continua solto.

Ele vem em embalagem de 1 e 5kg, clássico das embalagens de arroz. Vou confessar, não é o mais barato do mercado, mas também não é o mais caro e é, sem sombra de dúvida (ao menos por enquanto) o melhor, ou seja, a relação custo-benefício deste produto é excelente.

5 pontos

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Dica literária: “A lei” de Frédéric Bastiat (1850)

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Há mais de 100 anos atrás, um autor francês planta uma das sementes que viriam a fazer nascer a absolutamente bela árvore do Libertarianismo com este livrinho fabuloso.

“A Lei” é um livrinho de apenas 60 páginas com um conteúdo digno de todos os aumentativos. Neste livro, Bastiat nos apresenta uma argumentação concisa e prática sobre um dos pilares da organização da sociedade: a lei, defendendo que todos os indivíduos têm um direito natural a auto defesa, propriedade e liberdade e a lei deve existir para garantir que esses direitos não lhe sejam alienados, desta forma a lei só existe para nos dizer o que não podemos fazer e não o que devemos fazer.

Assim, o autor ainda nos apresenta a realidade por trás de medidas protecionistas, o que hoje seriam as políticas de justiça social e como isso acaba privando os indivíduos de sua liberdade, propriedade e ao alienar a lei, transforma-a num objeto de agressão contra o próprio indivíduo.

É uma obra essencial para se abrir o olho contra tudo o que há de errado neste mundo.

Publicada pelo Instituto Mises Brasil infelizmente a edição brasileira apresenta diversos erros de português e não parece ter sido traduzida do original, porque apresenta notas do tradutor para a edição inglesa. Claro, pode ser que o tradutor ou editor da edição brasileira comparou as duas edições, mas fica a dúvida... de qualquer forma, é uma obra fantástica, ainda com os erros e as dúvidas acerca do objeto traduzido.

4 pontos e meio

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Dica audiófila: Fone AKG K404

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Meu atual fone, mas que logo irei trocar é uma pequena decepção, mas não deixa de ser um bom dispositivo para você, que procura uma bacana opção de custo-benefício no mercado audiófilo.

A primeira vez que conheci esse fone foi num shopping aqui da cidade, numa dessas lojinhas de bancada da AKG. Não sabia que a marca era assim tão acessível, fisicamente falando e me surpreendi. Depois vi o preço do fone, meros 60 reais e fiquei atraído. Tempos depois, quando meu Edifier parou de funcionar (snif :’( ), decidi comprar esse fone, que havia me chamado a atenção há muito tempo.

No entanto, me decepcionei, primeiro porque ele é muito menor do que o Edifier, é um over-ear que incomoda se você é daqueles, como eu, que passam muito tempo ouvindo música. Outra desvantagem é que a sua potência sonora não é tão alta, ou seja, nada de música alta. Sua estrutura também deixa a desejar, parecendo muito frágil, mas só parecendo, pois o aparelho é resistente.

Fora isso, é um bom fone, apresentado uma qualidade sonora bem equilibrada, com alguma cadência maior aos graves, mas não é como esses fones vagabundos de camelô. É uma dedicação realmente válida aos graves, talvez para suprir uma necessidade física mesmo, já que você não pode deixar o volume no último em canções mais barulhentas.

Para as músicas mais calmas, como aquele jazz gostoso de um domingo de manhã, é ideal e para viajar, é fantástico. O fone é dobrável e fica muito pequeno, vindo com uma sacolinha pra você carrega-lo de um lado a outro.

É um aparelho realmente portátil, resistente e de design simples, com uma boa qualidade sonora, apresentando uma ótima relação custo-benefício.

3 pontos e meio

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Dica Musical: “Desde que o mundo é cego” por Fernando Motta (2017)

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A Lupe de Lupe acabou e acho que não volta mais, mas enquanto houverem músicos talentosos da Geração Perdida de Minas Gerais na ativa, como Fernando Motta, eu vou estar contente.

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Conheci Fernando Motta a primeira vez durante a turnê “Sem sair na Rolling Stones 2.0”, em que ele tocou guitarra junto com Vitor Bauer e Jonathan Tadeu, apresentando algumas músicas bem tristes numa noite quente muito legal.

Não me surpreendi, mas quando o primeiro single desse álbum saiu (“Futebol (colônia de férias)”) me animei e logo que o álbum saiu ouvi. A maioria das músicas eram, de fato, bem diferentes do single, mas não deixam de ter o seu valor.

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São, em sua maioria, músicas tristes, seguindo uma pegada meio lo-fi, de arranjos simples e letras inventivas, com uma forte pegada romântica em suas elaborações narrativas. É um álbum bem reservado, mas pensativo, com grandes espaços para que cada arranjo e pensamento que Fernando Motta joga possa cair, descansar e ser assimilado pelo ouvinte.

E o álbum também apresenta uma certa narrativa quando ouvido de cabo a rabo, as canções vão se tornando mais elaboradas e também mais agitadas, se tornando mais elétricas e animadas conforme o álbum se aproxima do fim, para terminar num quase monólogo, bem relaxante e tranquilo.

Típico daquela turminha bacana de Minas Gerais que vêm fazendo um ótimo trabalho e este disco de Fernando Motta não é diferente.

É um álbum bom, inventivo, pensativo, mas agitado, com poucas, porém marcantes explosões sonoras ao longo de sua projeção.

4 pontos

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Dica quadrinística: “Os maiores Super-Heróis do mundo” de Paul Dini e Alex Ross (2005)

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Depois da publicação de “O Reino do Amanhã”, Alex Ross começou a pensar na publicação de uma história que retomasse o lado mais clássico dos heróis, só que sem carregar a metalinguagem do quadrinho posterior e para isso contou com a ajuda de Paul Dini e juntos criaram uma mini série em 6 edições num formato especial, que foi compilada no volume chamado “Os maiores Super-Heróis do mundo”.

4 das quatro edições foram lançadas para celebrar o aniversário de 60 anos de Super-Homem, Batman, Mulher-Maravilha e o Shazam, cada um focando num tema arquetípico para os super-heróis; paz, crime, mito e magia, respectivamente. As outras 2 histórias são especiais da Liga da Justiça, a primeira contando a origem de outros personagens essencial da super-equipe; Flash, Aquaman, Lanterna Verde, Ajax, Arqueiro Verde, Canário Negro, Homem-Elástico, Gavião Negro e Mulher-Gavião. A segunda conta uma aventura na qual a Liga da Justiça deve trabalhar unida para poder vencer um inimigo do espaço.

O que mais chama a atenção nas histórias compiladas nesse livro é o aspecto humanizador das histórias, aproximando os heróis de dramas reais, fazendo-os abandonar os seus poderes para conseguir exercer sua função heroica, nem sempre com resultados positivos. Como Super-homem, que tenta acabar com a fome mundial, mas se vê impossibilitado de criar um impacto em grande escala, pela ganância humana ou a história de Mulher-Maravilha, que sequer consegue se aproximar das pessoas que mais precisa dela por puro preconceito. E o inimigo do espaço na história da Liga da Justiça? É um vírus, invisível e letal.

Juntas, essas histórias conseguem exercer o papel fundamental das histórias em quadrinhos, que é o de aumentar a empatia das pessoas através de uma saudável leitura. Somos apresentados a histórias que emocionam e nos fazem acreditar no poder que nós, seres humanos comuns, temos. São, realmente, inspiradoras.

Um aspecto interessante e não sei se foi intencional ou não (provavelmente sim) é o aspecto político dessas histórias. Todas elas podem ser facilmente identificadas com ideias liberais-conservadores clássicos e uma análise ideológica mais à direita pode ser facilmente realizada. Já na história do Super-Homem temos uma bonita lição de individualismo, a espontaneidade da criatividade humana e a liberdade. As próximas histórias apenas reforçam ideias de solidariedade, empreendedorismo e ordem espontânea.

A edição lançada esse ano para a Panini é realmente de luxo, num formato muito maior que os de quadrinhos normais, porém no tamanho original, pois o intuito de Paul Dini e Alex Ross era o de proporcionar uma experiência de leitura que retomasse uma tradição antiga dos Estados Unidos, onde quadrinhos eram publicados em formato maior.

A arte de Alex Ross é impecável, o texto de Paul Dini é valoroso e acaba valendo cada centavo investido nessa legítima obra de arte.

5 pontos