terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Dica musical:"Little Electric Chicken Heart" da Ana Frango Elétrico (2019)

Ana-Frango-Elétrico-Little-Electric-Chicken-Heart-

Vi primeiro esse CD no Eu Escuto e depois vi que ele ganhou um review do Anthony Fantano. No primeiro caso, fiquei instigado a ouvir, no segundo, decidi me afastar (porque o Anthony deu uma nota alta pra esse CD e todos sabemos o quão ruim é o gosto do Anthony Fantano, né?), mas enfim, ouvi o CD que ficou parado nos meus arquivos do computador por um tempo e o resultado foi surpreendente.

Little Electric Chicken Heart é o segundo CD da artista Ana Frango Elétrico, mais uma dessa geração de artistas brasileiros que decidem fazer uma mistureba de sons simulando os grandes nomes da geração de nossos pais, a MPB imbuída de psicodelia, jazz experimental e que ganhou o nome de tropicália. No entanto, a diferença dela para os outros artista de sua geração é que ela faz essa retomada nostálgica direito.

Pra começar, este CD é cheio de variações. Logo no começo temos uma música que cresce conforme avança, iniciando de maneira lenta, com um piano suave acompanhado de metais imponentes, apenas para terminar de maneira calorosa, forte e até barulhenta. Em seguida, temos uma música bem mais lenta, até mesmo melancólica.

A partir daí dá pra esperar qualquer coisa e é qualquer coisa que vem mesmo. Temos músicas gritantes, rock do bom, com muitas guitarras distorcidas, jazz fusion pesado, referências a exotica, elementos musicais remanescentes de trilhas sonoras de faroeste e filmes de espião, experimentalismos confusos com samba, mas tudo com melodias muito belas e ritmos marcantes. A mistura aqui é muito bem-vinda e tudo se encaixa muito bem.

Apesar de tudo bem diferente, o álbum é uma ouvida fácil. Também pudera, ele mal bate os 30 minutos e eu não consegui achar uma música que não tem ao menos um elemento interessante de se ouvir.

As letras são uma confusão à parte. Há uma certa linha narrativa em cada uma delas, mas o abuso do absurdo é constante e pesado, logo fazendo o ouvinte se perder na profusão de palavras que apenas reforçam o ritmo das canções, criando uma poética bem própria.

Dessa forma, Ana Frango Elétrica lança um dos melhores álbuns desse ano e abre esperança para que as bandas de artistas alternativos que curtem surfar nessa onda nostálgica da tropicália se elevem. Ela, pelo menos, elevou o nível.