terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Melhores da Década - 2012

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E finalmente chegamos ao tão aguardado a ano! 2012 foi esperado por todos, pelo menos, desde 2008. Era o ano do fim do mundo. Os mais esqueceram de montar mais uma tabuleta com datas e previsões do clima e todo mundo achou que o mundo ia acabar, Nibiru ia se chocar com o planeta Terra, uma nuvem gigante ia descer do céu provocando o Advento e por aí foi... as teorias iam longe, mas a real é que o mundo não acabou, o Corinthians ganhou o Mundial e eu passei o ano vagabundeando, sem estudar, nem trabalhar.

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Com tanto tempo livro, é óbvio que eu assisti uma tonelada de filmes, afinal, 2012 foi tão bom quanto 2011 em se tratando de obras cinematográficas. Pra começar tivemos o lançamento de duas obras alternativas essenciais para a juventude do início da década: Oh Boy, diretamente da Alemanha contava a história de um filhinho de papai que não consegue tomar uma decisão na vida e só quer tomar um café e Frances Ha, obra irmã, mas que conta a história de uma moça otimista ferrada de grana em busca de um norte na vida. Ambos os filmes eram muito parecidos e ambos preencheram a mesma lacuna. O engraçado foi descobrir que havia espaço para ambos existirem.

Completando o ciclo de filmes alternativos e com uma comédia irônica, temos Safety Not Garanteed, que reunia um elenco de atores improváveis para fazer uma das melhores obras de ficção científica da década. Moonrise Kingdom já não era tão alternativo e sua ironia é menos mordaz, mas também se assemelha com os filmes já mencionados, dando o pontapé para muitas análises do que viria a ser chamado "metamodernismo". E da França tivemos ainda duas obras que não são propriamente de comédia, mas são muito bem-humoradas, Wrong do fantástico Quentin Dupieux, contando a história de um trapalhão e seu cachorro e Dentro da Casa, uma história de conflitos entre mestre e aprendiz, debatendo sobre criatividade, sexualidade, amizade e literatura.

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Tivemos nesse ano o lançamento de um dramalhão épico chamada O Lugar Onde Tudo Termina, estrelado também por Ryan Gosling e sua mulher, Eva Mendes. O filme se estende por horas e décadas, mas você nem vê o tempo passar de tão bom que é. No entanto, as verdadeiras obras dramáticas desse ano foram feitas fora dos EUA. No Brasil, tivemos O Som ao Redor, melhor filme de Kléber Mendonça Filho (que nunca mais conseguiu repetir o feito em sua carreira, hoje beirando a mediocridade), contando a história de algumas famílias em torno de um bairro de classe alta em Recife. Do narcoestado mexicano, recebemos a grata surpresa de Depois de Lúcia, obra que debate o tema do bullying, do Japão tivemos a belíssima adaptação de Rurouni Kenshin, mostrando que mangás e cinema combinam muito bem e por fim, a Dinamarca lançou um dos mais importantes e poderosos filmes da década, A Caçada, que conta a história de um professor acusado injustamente de abuso sexual.

As animações sofreram um pouco ao longo de 2012, mas no final do ano a Dreamworks nos fez o favor de lançar A Origem dos Guardiões, repaginando figuras folclóricas do mundo todo, num cenário de aventura muito bem desenvolvido.

Além de uma incrível obra cinematográfica, o Japão ainda nos agraciou com um clássico das comédias nos animes, Danshi Koukosei no Nichijou, que conta a história de jovens colegiais muito loucos. Sakamichi no Apollon serviu para nos lembrar da genialidade superior de Shinichiro Watanabe e Tsuritama é o melhor anime de pesca já criado, conseguindo ficar até hoje preso na minha mente, como poucos animes conseguiram.

Na música, Sharon van Etten lançou seu clássico Tramp, enquanto que Hop Along lançou o seu segundo álbum, Get Disowned. Na música, muitos clássicos foram lançados, como Attack on Memory do Cloud Nothings, transitando entre o indie rock e o punk/hardcore que foi especialmente influente nas bandas aqui do Brasil, Floral Green, do Title Fight, Celebration Rock do Japandroids, In Currents do The Early November e Sal Grosso da Lupe de Lupe. Mas o verdadeiro álbum deste ano foi Lonerism, do Tame Impala, que declarou em alto e bom som que, se era para o mundo acabar, eles iriam realizar a sua trilha sonora.

https://www.youtube.com/watch?v=KQH2Kq1QXaI

No mundo da literatura, o Brasil esteve muito bem servido, com o livro de memória de Diogo Mainardi, A Queda, sendo lançado nesse ano, mostrando que além de competente jornalista, ele também é um carinhoso e atento pai. Também tivemos no Brasil o lançamento de O Livro das Coisas Perdidas, uma obra interessante de fantasia, que carrega grande valor literário, embora não seja muito conhecida, ainda hoje. No quesito de livros de não-ficção, tivemos o lançamento de A Tradução Literária, importante obra teórica para o meio, escrita por Paulo Henrique Britto e também The Way of Men, de Jack Donovan, que até hoje provoca homens e mulheres ao redor do mundo, com seus sábios insights acerca da masculinidade.

O ano de 2012 não acabou com o mundo, mas possibilitou a todos enormes experiências artísticas e filosóficas, como podemos ver pelo que de melhor saiu dali. E ali já se formava boa parte do que viria a seguir de melhor nessa década. E a vocês, meus queridos, tenham uma boa festa de véspera de Natal hoje, se cuidem e até amanhã, para mais uma post de melhores da década!