sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Melhores da década - 2015

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Este foi o ano da música, sem dúvidas quanto a isso e foi o último ano grandioso dessa década. Em 2015 o Darwin das ciências humanas faleceu, René Girard deixou o mundo terreno para se juntar às hostes celestes e o Brasil já dava sinais que iria mudar.

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O cinema não caminhou bem em 2015 e a maior prova disso foi que o melhor que o cinema americano pode nos proporcionar nem sequer saiu nos cinemas, Beasts of No Nation abalou todas as estruturas cinematográficas com sua magnificência e beleza, embora se tratar de um drama muito do cruel. Sion Sono conseguiu dar continuidade a sua produtividade criativa, lançando The Virgin Psychics, uma história de comédia sobrenatural, em que virgens conseguem poderes sobrenaturais e Love and Peace, uma singela história de amor entre um garoto e uma garota, mediada por uma tartaruga. No entanto, foi Dude Bro Party Massacre III que saiu na frente na corrida pelo melhor trash desse ano, conseguindo chamar a atenção de todos que apreciam um bom filme B com sua mistura de found footage, com terror e comédia besteirol.

Na animação, tivemos o lançamento de mais um filme do Bob Esponja, com o diferencial de que esse filme reunia pessoas reais, contracenando com os animais da fenda do biquíni. E os documentários não trouxeram grandes meditações, mas o La Dispute lançou Tiny Dots, o documentário da banda que seguiu sua trajetória de gravação do Rooms of The House até o último show com o guitarrista Kevin Whitemore.

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No Brasil, tivemos o lançamento do livro que inspirou o Se Beber Não Se Apaixone, Uma história meio que engraçada, misturando fatos reais com ficção, é uma bela obra do que poderíamos chamar de metamodernismo. E também da Netflix, vimos o lançamento de Demolidor, uma das melhores séries de super-herói a já ser lançada, mas que, assim como tantas outras séries, não sobreviveu ao hype.

Little Witch Academia: Mahoujikake no Parade foi o OVA lançado para dar continuidade a essa franquia, que já começava a alçar voos mais altos. A segunda temporada de Mushishi, Mushishi: Zoku Shou também ganhava um filme: Suzu no Shizuku e enquanto Ore Monogatari espantava a todos com sua qualidade gráfica, One Punch Man chegou dando um soco na cara da sociedade, explodindo a cabeça de todos que admiram uma boa animação, se tornando o último grande e bom shonen a ser feito, por enquanto.

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E finalmente chegamos ao mundo da música, que foi totalmente variado e bem produzido nesse ano. Pra começar, tivemos no Brasil o lançamento de Tudo em Vão, do Fábio de Carvalho, o CD que soube capturar todas as angústias, incertezas e raiva de uma geração e, portanto, é escutado até hoje por muitos jovens adultos por aí. No começo do ano, Joey Bada$$ lançou o seu B4da$$, primeiro CD que retomava o estilo old school de se fazer rap, enquanto que Thundercat lançava The Beyond/Where The Giants Roam, um EP que conseguiu muito do seu talento como baixista, agraciando o mundo com uma ampla sonoridade.

Patrick Kindlon, o cara mais prolífico do mundo do post-hardcore conseguiu lançar dois dos melhores trabalhos de sua carreira com suas duas bandas prediletas. Do Self Defense Family, o experimental, porém altamente acessível Heaven is Earth e do Drug Church, o caótico, porém melódico Swell. Do mesmo grupinho de bandas ainda tivemos o último álbum do Title Fight (choremos!) Hyperview, que representou a mudança definitiva na sonoridade da banda, incluindo elementos de shoegaze, assim como o Turnover, que lançou nesse ano o seu melhor álbum, Peripheral Vision. Lá do extremo oriente, o The Caulfield Cult lançou half empty, um EP que reúne as suas melhores músicas e o The Early November retornava ao mundo da música, definitivamente, com mais maturidade no seu incrível Imbue.

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No entanto, a revolução dentro do rock foi ocorrer com um grupo de garotos lá do nordeste dos EUA que lançou um álbum de punk hardcore puro chamado Nonstop Feeling. Cheio de energia, agressividade e dinamismo, o Turnstile mostrou, com esse álbum que eles estavam prontos para agitar qualquer plateia. Se ter o melhor álbum de punk hardcore da década não era o suficiente, tivemos ainda o melhor álbum de rap da década, com o To Pimp a Butterfly do Kendrick Lamar sendo lançado nesse ano, apenas para causar um enorme buraco dentro do mundo da música, um buraco que até hoje não foi coberto.

https://www.youtube.com/watch?v=8aShfolR6w8

2015 foi de fato o ano da música dentro dessa década. Um ano ímpar, que não conseguiu encontrar adversários a altura nos anos a seguir.