sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

O que Monstros S.A. e o Flamengo têm em comum?

que ruim

Em um único final de semana vimos o Flamengo ser campeão da porra toda! Num intervalo de 24 horas foi campeão da Libertadores e do Brasileirão, ficando a um passo (concreto) de bater o recorde do Santos de 62. Eu, como todo bom santista, sou preso à história antiga do meu Clube e não pude deixar de zicar o Mengão durante todo esse segundo semestre de 2019.

Ziquei antes dele passar o Santos no Brasileirão, ziquei em todas as fases da Libertadores e torci muito pela vitória do River Plate e os próprios flamenguistas me ajudavam muito nessa contra-torcida. Stories com provocações do Gabigol, exaltações a nação rubro-negra, brincadeiras fora de hora e muito barulho fazem dos flamenguistas a torcida mais odiada do Brasil ao lado da do Corinthians. Compreensível, aliás.

No entanto, quando a vitória do River se concretizava no sábado, eu, participando de um retiro e com a zueira já pronta para enviar no whatsapp dos meus amigos flamenguistas, lembrei-me do trágico final do Mundial de 2011 e me resignei. Decidi não zuar ninguém, pois eu não gostaria que fizessem isso comigo, eu não gostei disso, afinal, em 2011 (graças a Deus já estava de férias!) e resolvi me fazer um com meus amigos.

Ao final, a desgraça conseguiu ganhar o campeonato.

E o barulho voltou, fogos de artifício, flamenguistas usando orgulhosos uniformes do time, muitos stories e muitos áudios, que, apesar de provocativos, mostram toda a alegria honesta deles. São 38 anos sem ganhar uma Libertadores, 36 anos sem sequer chegar à final, 10 anos sem um Brasileirão e muito tempo ouvindo a história do "cheirinho", as lágrimas de alegria e o grito de campeão já mofado no fundo da garganta (mas não esquecido, que fique bem claro) são justificáveis e merecem ser expostos para a luz do dia, afinal vai saber quando isso acontecerá novamente, não é? Quando colocado em perspectiva, cheguei a realização de que a última vez que o Flamengo foi campeão da Libertadores, o pai dos meus amigos tinha a idade deles, hoje.

E se eu estava disposto a me fazer um com eles na derrota, porque não na vitória também? E lá fui eu, celebrar com eles, beber uma cervejinha, dar um abraço, rir e no meio de tudo isso, descubro algo que o Monstros S.A. já havia deixado bem claro anos atrás.

No famoso filme da Pixar monstros de uma dimensão diferente acessam portas de armários de crianças do mundo todo para assustá-las e recolher a energia de seus gritos. Ao final, eles fazem uma descoberta interessante, que a risada dá muito mais energia que os gritos.

E ao me fazer um com a nação rubro-negra senti na pele isso, o forte contágio que a felicidade tem e o seu poder de unir as pessoas. Parabéns ao Flamengo, aproveitem esse momento de alegria, flamenguista e obrigado por dividi-la conosco.